Estados Unidos reconhecem a cachaça como produto brasileiro

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Bebida terá de ser produzida de acordo com padrões brasileiros, somente à base de cana

 


Paralelamente, o Brasil reconhecerá os uísques Bourbon e Tennessee como produtos americanos
Uma resolução do governo norte-americano deixou os fabricantes brasileiros de cachaça em festa: a partir de 11 de abril, os Estados Unidos passam a reconhecer a cachaça como produto "genuinamente brasileiro".

A decisão, anunciada pelo Alcohol and Tobacco Tax and Trade Bureau (TTB), órgão do governo americano responsável pelo comércio de álcool e tabaco, foi resultado de um pedido feito pelo governo brasileiro em 2001.

Foi um acordo bilateral: os Estados Unidos reconhecem a cachaça, e o Brasil reconhecerá os uísques Bourbon e Tennessee como produtos norte-americanos."Foi uma decisão importante para a indústria brasileira", diz Vicente Bastos Ribeiro, presidente do Instituo Brasileiro da Cachaça (Ibrac), entidade que reúne cerca de 80% dos produtores nacionais da bebida. "Era um sonho antigo estabelecer denominações de origem para a nossa cachaça."



Toda cachaça vendida nos Estados Unidos passará a exigir origem brasileira reconhecida e terá de ser produzida de acordo com padrões de qualidade brasileiros. A resolução também proíbe que destilados feito à base de milho usem o nome "cachaça"."Antes, os Estados Unidos exigiam que as cachaças fossem vendidas com o selo de 'brazilian rum'. Era uma definição ampla e dava margem para que outras bebidas,
como os 'destilados flavorizados', fossem vendidas como cachaça", diz Ribeiro."Isso ameaçava acabar com a identidade da nossa cachaça."

O governo norte-americano também aceita as grafias "cachaça" e "cachaca" -o que não permitirá a ninguém usar a grafia "cachaca" para confundir o comprador.Com o reconhecimento, produtores de outras regiões do mundo, como o Caribe, por exemplo, não poderão mais exportar "cachaça" para os Estados Unidos.

TENDÊNCIA

A tendência é que as exportações brasileiras para os Estados Unidos cresçam, com a garantia de que o produto original será o único vendido no mercado norte-americano com o selo "cachaça"."Não é um processo imediato", diz Ribeiro. "Depende de divulgação. Calculo que as consequências começarão a ser sentidas, em números de venda, em cinco anos."As exportações brasileiras de cachaça ainda são pequenas. Apenas 1% do 1,2 bilhão de litros produzidos anualmente no país é exportado, com um faturamento de US$ 19,2 milhões por ano.

E só 9% dessas exportações vão para os Estados Unidos.Hoje, os EUA estão em quarto lugar no ranking de países que mais importam cachaça brasileira, atrás de Alemanha, Paraguai e Portugal.



Veículo: Folha de S.Paulo


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