Cresce o número de fábricas de cervejas artesanais em Londres

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As imediações da sede da Fuller, Smith & Turner em Londres são bastante opulentas para uma cervejaria. Encaixada entre casas de milhões de libras, com os fundos para uma área verde do Tâmisa, em Chiswick, a fábrica está apenas a poucos quilômetros do centro de Londres. A vista tem seus privilégios, especialmente considerando as alternativas. "Imagine trabalhar em [a cidade de] Milton Keynes", estremece John Keeling, diretor de produção de cerveja.

A fábrica da Fuller à beira do rio, onde produz marcas como a London Pride, que era uma das menores cervejarias em Londres passou a ser a maior, simplesmente por manter as portas abertas, já que antigos grandes nomes como a Whitbread saíram da capital para fugir das despesas inerentes.

A produção de cerveja, entretanto, agora está de volta a Londres. Enquanto a cidade tinha só um punhado de cervejarias em 2006, hoje já são cerca de 50.

"Londres é um dos centros de produção de cerveja e foi assim por séculos", diz Nick Miller, CEO da Meantime Brewing Company, que teve forte expansão desde a abertura em 1999, em Greenwich, e agora tem faturamento de 12 milhões de libras (US$ 18,6 milhões). "Tem uma herança que as pessoas muitas vezes esquecem".

A produção de cerveja em Londres tem seus problemas. O local da Fuller em Chiswik é caro e inconveniente. Parte das instalações está tombada, os impostos são altos e a expansão é limitada pela estrada A4 de um lado e o Tâmisa do outro. "Se você olhasse a situação desde o início, não se começaria aqui", diz Simon Emeny, primeiro CEO da Fuller que não é das famílias fundadoras da cervejaria. "Mas é uma cervejaria muito lucrativa e é por isso que continuamos aqui".

Isenções tributárias encorajaram muitas pequenas cervejarias a juntar-se à Fuller em Londres. Desde 2003, as cervejarias que produzem menos de 5 mil hectolitros de cerveja por ano recebem desconto de 50% no imposto sobre o produto. "Isso te dá muito mais incentivo para entrar", diz Daniel Lowe, que deverá lançar sua cervejaria Fourpure em Londres, em setembro.

O desconto também ajuda a manter em pé cervejarias londrinas recém-abertas. "Não poderíamos ficar no negócio sem [essa] redução", diz Byron Knight, cofundador da Beavertown Brewery, no leste de Londres, em 2011. "Para começar, a lucratividade com as cervejas não é imensa".

O alívio tributário não é perfeito. As cervejarias sustentam que os impostos dificultam a expansão das pequenas cervejarias, já que a redução vai diminuindo à medida que elas atingem certo tamanho. Depois que um cervejaria passa a produzir mais de 5 mil hectolitros, o desconto cai aproximadamente 50%. Quando se chega aos 30 mil hectolitros, o desconto volta a diminuir. Para mais de 60 mil, não há desconto algum.

"Assim que nos aproximarmos do limite, nosso lucro desaparece, já que o imposto sobre as cervejas é tão imenso", diz Knight, que criou a cervejaria com Logan Plant, filho do vocalista do Led Zeppelin, Robert Plant. "Se você cresce, precisa crescer rapidamente e passar muito além desse limite", diz Knight. Embora isso ainda esteja longe da Beavertown, que produz cerca de 1,2 mil hectolitros por ano, é algo que ainda preocupa a empresa. "Precisamos ser cuidadosos ao planejar o futuro".

As cervejarias que superam esse limite estão longe de ser operações de um único sujeito no fundo do quintal de casa. Um volume de 5 mil hectolitros daria receitas próximas a 1 milhão de libras esterlinas a produtores artesanais. As cervejarias podem e, de fato, dão o grande salto além dessa marca.

A produção da Meantime, em Greenwich, passou de 25 mil para 100 mil hectolitros, quando se mudou para sua nova base, perto do reformado espaço de eventos Millennium Dome. Sua localização anterior tinha alguns problemas, segundo o CEO. "Estava afundando no Tâmisa", diz ele.

A superação do limite vem sendo relativamente indolor. A Meantime desistiu da cerveja de barril porque sabia que não teria como concorrer com os preços das cervejarias especiais que gozavam do desconto. O mercado ainda está desequilibrado, diz Miller. "O mercado não encontrou seu nível natural de oferta e demanda". Enquanto o número de pubs no Reino Unido caiu, o de cervejarias cresceu bastante.

A demanda por cerveja de barril cresceu nos últimos anos, tanto em Londres como no resto do Reino Unido, de acordo com números da Associação de Pubs e Cervejarias Britânicas (BBPA, na sigla em inglês). O mercado da cerveja de barril encolheu 50% entre 1995 e 2005, passando de 16% do total para 7%. Desde então, cresce de forma constante e hoje representa 8,3% do mercado. Mas há potencial para mais, em especial, no que se refere às vendas fora dos bares.



Veículo: Valor Econômico


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