A comodidade de receber os vinhos na porta de casa, às vezes com bons descontos em relação ao varejo convencional, e o acesso a rótulos diferenciados, dicas de harmonização e informações sobre safras e tipos de uvas estão caindo no gosto do consumidor e estimulando a multiplicação de lojas virtuais e clubes on-line especializados no segmento. As estimativas são de que já existem quase 400 sites do tipo no país, que movimentam de 3% a 4% de um mercado que deve passar de 90 milhões de litros de vinhos finos em 2013.
A variedade de ofertas inclui desde os sistemas de comércio eletrônico próprios das vinícolas a operações como a novata Comprevinhos.com, lançada em março desde ano, a Vinhosweb.com.br, que opera desde 2007, ou a Wine.com, a maior do Brasil, com faturamento estimado de R$ 120 milhões em 2013. "Não vejo como não crescer, desde que haja confiança no site, facilidade de compra e orientação sobre os produtos", diz a diretora de promoção do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Andreia Milan.
Controlada desde 2012 pela e.Bricks, braço de negócios digitais do grupo de mídia RBS, a Wine.com tem 70 mil clientes. Deste total, 40 mil são sócios do "ClubeW" e pagam de R$ 45 a R$ 110 por garrafa em pacotes de duas a seis unidades por mês para receber seleções feitas pelos "sommeliers" da empresa. "Nosso crescimento tem sido de 100% ao ano. Em algum momento [a velocidade] vai reduzir, mas ainda estamos muito longe do teto", diz o presidente da Wine.com, Rogério Salume.
Para ele, o comércio on-line tem potencial para chegar a 20% ou mesmo 25% do mercado brasileiro de vinhos finos em cinco anos. Salume foi um dos fundadores da empresa e continuou à frente da operação quando a RBS entrou no negócio. A investida no segmento começou em 2004, com uma loja virtual de vinhos que evoluiu para a Wine.com, fundada em 2008 em Vitória (ES), com o sócio Anselmo Endlich (hoje diretor-executivo).
No ano passado, quando apurou receita de R$ 60 milhões, a Wine.com vendeu 1,7 milhão de garrafas e a previsão para 2013 é no mínimo dobrar o volume, com entregas entre três e oito dias úteis após o pedido. O tíquete médio no "e-commerce" é de R$ 200 e, segundo Salume, a empresa tem 2 mil rótulos em catálogo, sendo 1,6 mil permanentemente disponíveis. Os associados do clube ainda ganham 15% de desconto nas compras na loja virtual e são isentos da taxa de entrega de R$ 25 para todo o país.
Conforme Andreia Milan, do Ibravin, o tempo de entrega e o valor do frete são componentes essenciais na concorrência entre lojas e clubes virtuais de vinhos. "É um diferencial importante", afirma a executiva. Para ela, a venda on-line não é conflitante com os demais segmentos do varejo e existe espaço para todos os tipos de operação. "Tanto que os supermercados também vendem pela internet", comenta.
A Comprevinhos.com, de Bento Gonçalves (RS), também cobra taxa única de R$ 25 e promete entregar os produtos em dois a sete dias úteis, enquanto na Vinhosweb.com.br, de Porto Alegre, o frete custa de R$ 20 a R$ 36, dependendo da região, e o prazo de entrega no Sul é de até cinco dias úteis e no Sudeste, de sete. A empresa ainda oferece seleções mensais sem taxa de entrega.
Na vinícola Miolo, que usa a internet como um canal complementar, principalmente para conhecer no detalhe o perfil dos consumidores mais fiéis, o frete fica em média em R$ 150, enquanto o prazo de entrega é de no máximo dez dias úteis, diz o diretor comercial Adriano Miolo. De acordo com ele, o tíquete médio é de R$ 500 na loja virtual, que em 2012 representou 3% das vendas totais de R$ 128 milhões da empresa e pode chegar a 5% em cinco anos. "Não usamos a internet para fazer promoções para não conflitar com distribuidores e varejo", explica o executivo.
A Vinhosweb.com.br, que vende 150 mil garrafas por ano, tem 23 mil cadastrados e um tíquete médio de R$ 500, valor 150% superior ao registrado no início da operação, em 2007, afirma a sócia Deyse Tanuri. Segundo ela, cerca de 2,5 mil pessoas engrossam a base de clientes a cada ano. No clube "Vinogourmet", lançado no fim de 2012, já são 600 associados, que pagam mensalidades de R$ 98 a R$ 299 por pacotes de duas a seis garrafas e têm benefícios como frete grátis e descontos na loja virtual, onde os preços já podem ser até 50% menores do que no varejo convencional.
"Conseguimos descontos maiores porque também somos importadores", diz Deyse. Segundo a empresária, ela e a sócia Patrícia Possamay tiveram a ideia de criar o site para "desmistificar" o consumo do vinho com informação e serviço para os clientes. Hoje a empresa tem 1,5 mil rótulos no catálogo e para os associados do clube oferece também ingredientes não perecíveis para pratos que harmonizam com os vinhos, além de videoaulas sobre como servir o produto.
A Comprevinhos.com tem 10 mil clientes cadastrados e pretende dobrar este número em um ano, afirma o diretor Rafael Zardo. Até recentemente a loja virtual teve como sócio o técnico de futebol Vanderlei Luxemburgo, mas ele deixou o negócio quando se transferiu do Grêmio, de Porto Alegre, para o Fluminense, do Rio, e agora Zardo procura um novo parceiro para investir na expansão da operação para todo o país. Hoje 70% das vendas são para clientes no Rio Grande do Sul.
Zardo conta que, ao comprar diretamente das importadoras e das vinícolas, eliminando a figura do distribuidor, a loja virtual consegue oferecer descontos de até 70%. Mesmo assim, o tíquete médio das vendas chega a R$ 430, 20% a mais do que no início da operação, há seis meses. De acordo com o empresário, a Comprevinhos.com tem 1 mil rótulos em catálogo, na maior parte importados e fornecidos por pequenos produtores.
Veículo: Valor Econômico