Indicadores de produção de cerveja sinalizam que o setor deverá encerrar 2013 no patamar inferior da projeção da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil) para o ano: retração de um dígito baixo nos volumes em relação ao ano passado.
No acumulado janeiro até novembro, a produção de cervejas recua 2,5% na comparação anual, segundo dados preliminares do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), da Receita Federal.
Somente no mês de novembro, a queda revelada pelo Sicobe é de 4,76%. No entanto, os números definitivos em relação a performance do mês ainda devem ser fechados nas próximas semanas.
Na divulgação dos resultados do terceiro trimestre, a Ambev - empresa que tem quase 70% de participação no mercado de cervejas no Brasil - já sinalizou essa expectativa de redução para o consolidado do ano. Antes, havia um previsão de que o desempenho do setor pudesse ser um pouquinho melhor, de estabilidade dos volumes em relação à 2012.
O sentimento de que "não vai dar nem para empatar" com o ano passado foi ganhando força quando a produção de bebidas não reagiu ao longo dos primeiros meses do segundo semestre, conforme cogitavam os mais otimistas. Em setembro, as fabricantes conseguiram adiar - por prazo ainda indefinido - o aumento dos impostos federais que estava previsto para vigorar a partir de outubro.
Até agora, o último trimestre do ano registra retração de 4,75% na produção. A esta altura, só um mês de dezembro com desempenho inesperadamente excepcional para mudar o curso de mais uma queda na produção trimestral do setor.
As apostas das cervejarias para voltar a crescer em volume se concentram no próximo ano. Se a demanda dos consumidores ainda não mostra sinais claros de retomada, pelo menos o calendário de 2014 traz uma promissora combinação de Carnaval tardio (estendendo o verão, melhor estação para venda de cervejas) e, claro, Copa do Mundo no país.
João Castro Neves, presidente da Ambev, disse a investidores e analistas que aposta em melhores cenários micro e macro no ano que vem. Segundo o executivo, problemas como inflação de alimentos e menor da renda disponível do consumidor dão sinais de arrefecimento.
No terceiro trimestre, os volumes de cervejas da Ambev vendidos no Brasil caíram 5%. Na categoria de bebidas não alcoólicas, o recuo foi de 2% no país.
A dificuldade de expansão dos volumes este ano é semelhante na Brasil Kirin, Heineken e Grupo Petrópolis, principalmente na categoria "mainstream" (de preços intermediários).
Diante do ambiente de consumo retraído, o crescimento do setor de cervejas está sendo puxado pelos aumentos de preços e pela estratégia de ampliar a participação de produtos 'premium' no portfólio, um nicho que ainda tem grande potencial de crescimento no Brasil.
Veículo: Valor Econômico