As microcervejarias nacionais querem expandir sua atuação no mercado brasileiro e, para atingir esse objetivo, pretendem utilizar as eleições de 2014 para reivindicar, junto ao governo federal, uma reforma tributária capaz de devolver competitividade ao setor, dominado, atualmente, por quatro empresas - Ambev, Brasil Kirin, Grupo Petrópolis e Heineken.
"Com a aproximação das eleições, as autoridades se mostram mais sensíveis e preocupadas em atender aos interesses da indústria nacional. Nosso segmento luta por uma diminuição do regime tributário no setor, que hoje chega a 60%", explica o presidente da recém-criada Associação Brasileira de Microcervejarias (ABM), Marcelo Carneiro da Rocha.
Hoje, os pequenos produtores, distribuídos em 300 empresas, são responsáveis por 1% das vendas anuais contabilizadas pelo mercado nacional de cervejas, que no ano passado movimentou R$ 47 bilhões no varejo, de acordo com dados da consultoria Mintel.
Para reverter essa pequena participação e fomentar a concorrência, a categoria também aproveitará a formação da ABM - primeira entidade nacional que reunirá empresários de todo o País - e a ajuda de representantes da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Indústria de Bebidas, para apresentar ao governo suas principais propostas.
"Os empresários do segmento já discutiam há alguns anos a importância da formação de uma entidade com caráter nacional. Acredito que o que motivou seu surgimento dessa vez, foi um certo desespero em ver que nossas reivindicações não eram atendidas, atrelado à leis draconianas que limitam nossa ação durante a Copa do Mundo", diz Rocha.
Segundo o executivo, apenas uma empresa recebeu permissão para comercializar cerveja dentro dos estádios. Além disso, as autoridades também teriam proibido a propaganda de outras marcas no trajeto percorrido pelas diferentes seleções até as arenas.
Com base nisso, a entidade usará o fácil acesso aos políticos regionais - das cidades, municípios ou estados nos quais suas fábricas estão instaladas - para levar suas reivindicações até o Ministério da Fazenda, em Brasília.
"Nossa posição geográfica facilita o acesso aos políticos locais, e é por meio deles que queremos pressionar o governo federal. Dessa maneira, a mudança nos tributos pode ocorrer de forma nacional ou regional", explica.
Segundo a Mintel, o Brasil apresenta uma das maiores concentrações de mercado do mundo, o que afeta diretamente a concorrência interna. Com uma produção menor e uma alta carga tributária, as microcervejarias acabam elevando o preço final de seus produtos e não atingem a mesma receita das grandes.
Para sobreviver neste cenário, os pequenos produtores apostam no crescimento das categorias premium e em ações específicas como os investimentos na distribuição e na exportação.
A Dama Bier, microcervejaria com sede em Piracicaba (SP), aposta na distribuição para alavancar suas vendas em 2014. A marca quer chegar com mais força aos mercados do Nordeste e do Centro-Oeste. "Percebemos que o interesse por cervejas premium cresce. E é isso que faz o mercado se expandir. Por isso, já estudamos mais lançamentos", explica o gerente comercial da Dama Bier, Paulo Bettiol, ao DCI. A empresa projeta um crescimento de 10% no faturamento deste ano.
A Cervejaria Colorado, com sede em Ribeirão Preto (SP), também aposta no Nordeste para alavancar suas vendas, além de investir na exportação. "Não existem muitas microcervejarias no Nordeste, portanto, o mercado está relativamente pouco concorrido", afirma o sócio-proprietário da marca, Marcelo Carneiro da Rocha, que também preside a ABM. Segundo o executivo, a Copa do Mundo também ajudará a empresa no seu processo de exportação para os EUA e a França. "Hoje, o mercado estrangeiro representa 5% das nossas vendas, mas queremos chegar até 15%".
No ano passado, a marca faturou R$ 5 milhões, alcançando uma capacidade produtiva perto de 70 mil litros por mês. O profissional salientou, porém, que a empresa representa um "ponto fora da curva" no segmento.
Veículo: DCI