Os produtores nacionais de cachaça resolveram investir pesado na área de distribuição com o objetivo de atender algumas regiões do País onde sua presença ainda é pequena. Os planos de expansão estão atrelados à chegada da Copa do Mundo, vista pelos empresários como uma oportunidade única para ampliar de vez o consumo da 'marvada' no Brasil.
Pensando nisso, marcas como a Cachaça Vale Verde, a Cachaça Seleta e a Cachaça Leblon já estruturaram seus planos de ação para ampliar sua participação em um mercado que movimenta cerca de R$ 7 bilhões por ano, segundo dados divulgados pelo Centro Brasileiro de Referência da Cachaça (CBRC), em 2012.
Diante deste cenário, a mineira Vale Verde, com sede em Betim, traçou no início deste ano, um ambicioso plano para expandir sua presença nas regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste do País. Atualmente, o Estado de Minas Gerais é responsável por 80% das vendas anuais da companhia.
"Estamos aumentando nossa rede de distribuidores e de representantes pelo Brasil para obter sucesso no projeto de ampliação desenhado para o mercado nacional", explica a gerente de marketing da Vale Verde, Jacqueline Pereira, em entrevista ao DCI.
Hoje, a empresa conta com cinco distribuidores nacionais, mas a grande meta é chegar até meados do ano que vem com cerca de 10 a 15 parceiros. "Queremos que Minas Gerais represente 50% das nossas vendas anuais e o restante seja distribuído pelo País. O principal objetivo é trabalhar bem os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, grandes polos de consumidores e de turistas", diz.
No ano passado, a Vale Verde faturou R$ 4,5 milhões, quantia 20% superior a contabilizada em 2011. Para este ano, a projeção de crescimento gira em torno de 10% a 15%, segundo a empresa.
Por isso, para manter os bons resultados no ano que vem, a marca conta com a chegada da Copa do Mundo. "Vamos aproveitar o evento para trabalhar o slogan: Vale Verde, apaixonados por cachaça e futebol. Dois grandes ícones do Brasil", conclui.
Apesar de responder por 87% do market share da categoria de destilados no País, atribuindo um faturamento de R$ 1,11 bilhões para o varejo nacional em 2012, a cachaça ainda é vista com desconfiança por parte da população. "O setor ainda sofre com uma cultura de negação do produto, que trata a cachaça como uma bebida de qualidade inferior", afirma o coordenador do Comitê Técnico do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), Roberto Tadeu.
Por isso, o grande objetivo dos empresários para 2014, consiste em popularizar a 'marvada', assim como os mexicanos fizeram com a tequila. Para viabilizar essa ideia, as campanhas exaltarão a importância da bebida desenvolvida originalmente no Brasil.
E, ao que tudo indica, a mineira Leblon já sabe o que deve fazer e como fazer. "O desafio está em mostrar ao consumidor brasileiro que a qualidade do nosso produto está à altura de outros destilados como a vodca e o whisky, sendo muitas vezes superior a essas bebidas", afirma o diretor da Cachaça Leblon do Brasil, Carlos Eduardo Oliveira.
Atualmente, o mercado estrangeiro representa 85% das vendas anuais realizadas pela empresa, que exporta sua cachaça para 25 países, distribuídos pelos cinco continentes. "Aqui, já estamos presentes em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. No entanto, nossa participação em outras regiões ainda é pequena. Pretendemos expandir nosso portfólio por todo o Brasil, com atuação especial em algumas regiões", diz. De acordo com o executivo, a marca pretende ampliar sua atuação em Brasília e Goiânia, além das capitais da região Sul e do litoral do Nordeste. Outro plano de ação futuro está na expansão para o interior do País.
Hoje, a empresa trabalha com cinco distribuidores em São Paulo, quatro no Rio de Janeiro e dois em Minas Gerais. Segundo Oliveira, esses números devem aumentar em 2014. Para este ano, a Destilaria Maison Leblon, responsável pela marca, projeta um crescimento de 20% a 25% em produção e faturamento, considerando as suas vendas globais.
A também mineira Seleta investiu na criação de alianças estratégicas com seus distribuidores para disseminar seu portfólio. "Investimos na exposição de nossos produtos em vários canais de vendas como o atacadista e o supermercadista", explica o diretor de marketing da Cachaça Seleta, Ednilson Machado. Segundo o executivo, essas mudanças permitirão um crescimento de 14% no faturamento da empresa neste ano, enquanto o volume de cachaça comercializada deve aumentar 8%. Atualmente, existem mais de 4 mil marcas disputando o paladar dos brasileiros, segundo dados da consultoria Mintel.
Veículo: DCI