De um lado do balcão, o número de "loiras geladas" diminuiu. Desde o fim de 2008, o reajuste médio de 6% no preço da bebida deixou o consumo menos encorpado. A venda de cerveja encolheu 1,8% em janeiro, o equivalente a 14,1 milhões de litros. Ao mesmo tempo, o consumo de cachaça não dá sinais de ressaca: uma das marcas mais tradicionais do país, a Velho Barreiro, da IRB Tatuzinho 3 Fazendas, vendeu 10% mais no primeiro mês de 2009, sobre igual período do ano anterior.
"Janeiro do ano passado já havia sido um ano bom. Essa alta nos surpreendeu", afirmou o presidente da empresa, César Rosa. Em faturamento, a Velho Barreiro cresceu 17% no primeiro mês do ano. A lucratividade, que, conforme se esperava na companhia, deveria subir 4%, saltou para 13,2%.
Assim como a cerveja, o preço da cachaça aumentou. Em algumas situações, o valor do litro passou de R$ 3 para R$ 6 em 12 meses. Mas isso não foi empecilho para as vendas. "Para o dono do bar, que vende a dose por R$ 0,50, o litro gera um faturamento de R$ 9. Mesmo com o aumento, ele continua ganhando muito", diz Adalberto Viviani, consultor especializado no mercado de bebidas.
A diferença na curva de vendas de cerveja e cachaça em janeiro permite considerar uma migração no consumo de uma bebida para outra. "Para o consumidor classe C, que é o maior público tanto da cerveja quanto da cachaça, vale mais a pena tomar uma dose de pinga que gastar nove vezes mais (com a cerveja)", diz o consultor.
As destilarias esperam que esse movimento se mantenha. O inverno responde por 60% do consumo, época em que as vendas de cerveja caem. "Se no verão a cachaça já está levando a melhor, imagine como vai ser", diz Rosa.(LC)
Veículo: Valor Econômico