A meta da mineira Globalbev Bebidas e Alimentos Ltda, de ser reconhecida como uma das empresas mais rentáveis do setor de bebidas, parece ter sido atingida. Em oito anos de atuação no mercado, o faturamento da fabricante e distribuidora do isotônico Marathon e do energético Flying Horse, cuja lucratividade gira em torno de 10%, saltou 4.250%, passando de R$ 1,2 milhão em 2000, para R$ 51 milhões no ano passado.
Para 2009, a estimativa é de que os negócios se mantenham aquecidos. De acordo com o diretor-geral da Globalbev, Bernardo Fernandes, nem mesmo o desaquecimento econômico, que derrubou a confiança do consumidor, foi suficiente para reduzir o ambicioso plano de crescimento da empresa para este ano, de quase 115%, atingindo R$ 110 milhões no período.
A projeção, segundo Fernandes, tem como âncora o início das operações como representante nacional da batata norte-americana Pringles, além da manutenção dos contratos de fornecimento de bebidas. O negócio foi fechado neste mês e a Globalbev será responsável pela importação e distribuição do produto.
Conforme o diretor, o início das atividades no setor de alimentos é visto como uma oportunidade em um momento de crise. "O setor de alimentos é um dos poucos blindados contra a crise", defendeu.
E foi assim que a Globalbev ganhou espaço no cenário nacional, identificando mercados em potencial. "Iniciamos, pioneiramente, a fabricação de bebida energética na América Latina. Enxergamos na atividade uma possibilidade ímpar de se firmar no segmento de bebidas, que contava apenas com itens importados."
Primeiros passos - O negócio Globalbev foi concebido em 2000, por três jovens empreendedores. A ideia, naquela época, era produzir energético com um preço mais acessível. Para Fernandes, esse foi o pulo-do-gato.
"Naquela época, quando só existiam energéticos importados no país, oferecíamos um produto de qualidade e a baixo custo, já que a produção era nacional. Caímos no gosto do consumidor", lembrou.
Mas conquistar o mercado doméstico não foi fácil. Fernandes disse que ia pessoalmente nos pontos-de-vendas levar os produtos e conversava com os proprietários de lojas de conveniência e supermercados. "Desde o início, acreditávamos no marketing promocional e no treinamento de distribuidores."
No começo da década, a empresa atuava apenas como distribuidora, mas em 2004 comprou os direitos de fabricação nacional da marca Flyhorse, que hoje responde por metade dos negócios da empresa. No ano seguinte, fechou acordo de distribuição da vodka russa Stolichnaya, responsável por 15% da receita. Já a batata Pringles responderá por 35%.
Os produtos são voltados para as classes A e B e cerca de 70% das vendas são direcionadas ao Sudeste do país. Com a ampliação dos negócios em todo o território nacional, a tendência é de que o percentual se dissolva e que as classes C e D passem a consumir os produtos da Globalbev. Ações de marketing para conquistar esses consumidores já estão sendo desenvolvidas.
Meta - O medo que tomou conta da economia não foi capaz de paralisar os negócios da Globalbev. Para Fernandes, em períodos de crise é preciso cautela, mas com empenho e foco nas ações. "A chave do sucesso é a capacidade de se adequar ao cenário econômico", afirmou.
Para este ano, a meta é continuar produzindo 20 milhões de unidades de isotônicos e energéticos mas, segundo Fernandes, o montante pode sofrer acréscimo proporcional ao aumento das vendas. "O potencial fabril cresce de acordo com a demanda".
Atualmente, a empresa distribui para 4 mil clientes, entre supermercados e lojas de conveniência e mais 50 mil pontos-de-vendas em todo o país. Minas Gerais responde por 15% da fatia dos negócios da Globalbev.
Terceirização - A fábrica responsável pela produção dos energéticos e isotônicos está localizada no interior de São Paulo, próximo a Campinas, no município de Leme, em um terreno de 20 mil metros quadrados, onde trabalham 300 funcionários terceirizados.
Conforme o diretor, a fábrica funciona somente para atender à demanda da Globalbev, por meio de uma parceria em modelo de envasamento terceirizado. Com isso, o custo de produção é reduzido e o foco das atividades fica voltado para o desenvolvimento de produtos, ações de marketing e distribuição.
Porém, Fernandes não descartou a possibilidade de uma unidade fabril no Estado. "Os resultados dos negócios tendenciam para isso." A sede administrativa funciona em Belo Horizonte, no bairro São Francisco, na região da Pampulha, onde trabalham 150 funcionários diretos. A empresa conta, ainda, com escritórios no Paraná, Goiânia, Brasília e Rio de Janeiro.
Mercado - Em virtude da crise financeira mundial, a empresa poderá postegar a abertura de capital, incialmente prevista para 2011, conforme foi adiantado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO. Segundo Fernandes, as práticas internas já estão adequadas para a abertura, mas a empresa está aguardando o momento mais propício para as negociações.
Veículo: Diário do Comércio - MG