AB-InBev estuda consolidar rede de distribuidores nos EUA, diz UBS

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A Anheuser-Busch InBev (AB-InBev) estuda a consolidação de sua rede de distribuidores independentes de cerveja nos Estados Unidos, talvez controlando ela mesma um número bem maior de distribuidoras. A informação está em um relatório do UBS divulgado na quarta-feira e assinado pela analista Melissa Earlam, que recentemente esteve com líderes da companhia, incluindo o presidente-executivo Carlos Britto.

 

De acordo com o texto, a fabricante das cervejas Budweiser e Stella Artois está explorando a possibilidade de algum dia vender diretamente para o varejo até 50% do volume de cerveja que vende nos EUA, através de suas próprias distribuidoras. Hoje, essa porcentagem é de 7%. A mudança afetaria fortemente as cerca de 600 distribuidoras da gigante da cerveja.

 

Mas a AB-InBev, a maior cervejaria do mundo em vendas, minimizou sua participação no processo. "Não existe mudanças em nossa atual estratégia nos EUA", disse uma porta-voz em um comunicado por e-mail. "A Anheuser-Busch InBev não pretende forçar uma consolidação. A consolidação vem ocorrendo há muitos anos e nós acreditamos que ela vai, e deve, continuar."

 

Para a companhia, a consolidação "deve ocorrer voluntariamente com o tempo". A porta-voz também disse que a empresa não tem planos para "expandir significativamente" as distribuidoras próprias "no momento".

 

Se a AB-InBev optasse por vender diretamente uma parcela maior de suas cervejas, conseguiria reduzir seus custos e abocanhar margens brutas que hoje ficam com as distribuidoras. Mesmo que ela não siga esse caminho, a ameaça de mudança poderá pressionar um número maior de seus distribuidores a se fundir, o que ajudaria a reduzir custos, diz Melissa no relatório. "No mínimo, acreditamos que essa é uma ferramenta de negociação poderosa junto aos distribuidores", afirma ela.

 

O relatório é a primeira indicação séria de que a cervejaria pretende dar um aperto em sua rede de distribuidores para melhorar sua própria lucratividade. Bilhões de dólares que potecialmente ficam com as distribuidoras estariam ameaçados.

 

A InBev reduziu os custos na Anheuser desde que adquiriu a companhia por US$ 52 bilhões no quarto trimestre do ano passado. Mas até agora suas distribuidoras foram poupadas de cortes.

 

Mitch Watkins, um distribuidor em Idaho, diz duvidar que grandes mudanças estejam a caminho. "Eu acho que a consolidação vai acontecer, mas em grande parte por causa das pressões competitivas [entre os distribuidores], e não porque a AB-InBev vai interferir e tentar mudar o sistema", afirma Watkins, que é vice-presidente da National Beer Wholesalers Association (associação nacional dos atacadistas de cerveja dos EUA). Ele afirma que a cervejaria gastaria bilhões de dólares na compra de distribuidoras, além dos potenciais obstáculos legais e reguladores que poderia enfrentar.

 

Nos EUA, a maioria das bebidas alcoólicas é vendida por distribuidores, sob um sistema normativo criado após a revogação da Lei Seca em 1933. Leis estaduais geralmente exigem que os fabricantes de bebidas alcoólicas vendam seus produtos para os distribuidores e não diretamente ao varejo.

 

A cervejaria tem 13 distribuidoras próprias em cidades como Nova York, Denver e San Diego, e poderá tentar adquirir mais delas. Isso é permitido em 20 a 25 estados, segundo John Hinman, um advogado de San Francisco especializado no setor de bebias alcoólicas. Mas, segundo ele, a aquisição poderia ser complicada porque as distribuidoras gozam de certas proteções legais e contratuais.

 

Nos últimos anos, alguns grupos varejistas e produtores já foram à Justiça para desafiar o chamado sistema de três níveis e tentar remover os distribuidores. Alguns esforços, mais especificamente na indústria do vinho, vêm tendo sucesso, mas em muitos casos os tribunais vêm sustentando as leis estaduais que exigem que as vendas passem pelos distribuidores.

 

A MillerCoors, principal concorrente da Anheuser nos EUA, vem forçando a consolidação entre seus distribuidores desde que a SABMiller e a Molson Coors Brewing combinaram suas unidades nos EUA para formar uma joint venture no ano passado. No entanto, ela própria não vem tentando comprar distribuidoras.

 

Um porta-voz da MillerCoors não quis falar sobre os potenciais planos da AB-InBev. Ele disse que a MillerCoors não apoia "nenhuma mudança significativa" no tradicional sistema de distribuição de cerveja dos EUA.

 

Veículo: Valor Econômico


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