Novas embalagens ajudam a aumentar consumo no varejo
Mais dinheiro no bolso e novas embalagens ajudaram o consumo de cerveja a crescer neste ano em relação a 2008. De janeiro até maio, segundo a Nielsen, a indústria cervejeira no Brasil vendeu cerca de 110 milhões de litros a mais que no mesmo período do ano passado. Ou seja: houve um aumento de 2,9% no volume comercializado. Em faturamento, o resultado foi ainda melhor: o caixa das cervejarias cresceu 7,6% em comparação com os primeiros cinco meses de 2008.
"Houve um aumento de 12% no salário mínimo em fevereiro deste ano", lembra Paulo Macedo, diretor de relações externas da Femsa Mercosul. "Também sobrou mais renda disponível para o consumidor porque aconteceu uma diminuição da inflação dos alimentos", acrescenta Alexandre Loures, gerente de comunicação corporativa da AmBev.
Há um ano, os preços estavam em disparada nos supermercados. O Índice Cesta Básica do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) naquela época acumulava alta de 10,54% (de janeiro a maio). Hoje, o mesmo indicador aponta retração nos preços de 0,36%. Não é uma variação grande. Mas, pelo menos, há mais estabilidade - o que facilita a vida do consumidor.
"Estávamos vivendo no início do ano um cenário muito retraído", diz Douglas Costa, diretor de marketing corporativo da Petrópolis. Agora, segundo ele, o consumidor está mais seguro para gastar.
Somando um centavo aqui e outro ali, o fato é que as vendas continuaram em alta, mesmo após o Carnaval e o fim do verão. Conforme a Nielsen, entre abril e maio, o consumo nacional aumentou 3,7% em volume e 9,1% em faturamento na comparação com os mesmo meses do ano passado. Isso porque, na hora de comprar cerveja nos supermercados, o consumidor tem encontrado embalagens "centavos" mais baratas.
É o caso do famoso latão, adotado pela maior parte das cervejarias. "Esse foi o tipo de embalagem que mais fez sucesso nos supermercados", diz Arthur Oliveira, analista de mercado da Nielsen. Segundo o instituto de pesquisa, esse tipo de embalagem teve alta de vendas de 75% este ano em relação ao mesmo período de 2008. O cenário que explica essa preferência é fácil de visualizar. Imagine um almoço de domingo no qual dois adultos vão tomar cerveja. Conforme a Nielsen, para um evento como esse, o consumidor estaria deixando de comprar, por exemplo, quatro latinhas de 350 ml (por R$ 1,17 cada) para levar para casa três latões de 500 ml (por R$ 1,47). Em vez de gastar R$ 4,68 com 1,4 litro de bebida, ele desembolsa R$ 4,41 para beber 100 mil a mais -1,5 litro.
Além da lata de 500 ml, também faz sucesso a de 269 ml, com preço médio na casa dos R$ 0,90. "No ano passado, a indústria colocou no mercado diferentes formatos de embalagens em lata para favorecer as vendas em supermercado, temendo os efeitos da Lei Seca", lembra Oliveira. "Pegando ou não a lei, o fato é que o consumidor passou a comprar mais nos autosserviços para consumir em casa, uma vez que nesse canal de venda ele encontra agora diferentes formatos, cada um apropriado a uma diferente ocasião de consumo", acrescenta o analista.
Além disso, o brasileiro que gosta de tomar cerveja encontra nos supermercados uma bebida bem mais barata que nos bares. Em São Paulo, por exemplo, os bares cobram R$ 3,50 a lata de 350 ml - quase três vezes mais que nos autosserviços. É por isso que, conforme o levantamento Nielsen, as vendas nos supermercados tiveram alta em volume de 8,1% entre janeiro e maio. Bares e restaurantes não comercializaram nem mais, nem menos e o canal tradicional (padarias e mercearias) teve alta de 1%.
Entre as cervejarias, a líder AmBev ganhou participação nos cinco primeiros meses do ano, encerrando maio com 68,3% do mercado (alta de 1,3 ponto percentual em relação a janeiro). A Schincariol foi a que mais perdeu (passou de 13,2% em janeiro para 12,3% em maio). A Petrópolis ficou com 9,7% e a Femsa, com 7,6%.
Veículo: Valor Econômico