Uma cerveja antes da leitura. E duas, três, quatro cinco...depois.

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No Brasil, são comercializados anualmente 11 bilhões de litros de cerveja, volume que coloca o País como o quarto maior fabricante mundial do produto. E esse mercado tem um imenso potencial para crescer: o consumo per capita do brasileiro é apenas o nono do mundo. Quem se depara com esse panorama atual pode ter dificuldade para imaginar que a cerveja só se emancipou no País a partir da década de 1980, quando diversas cervejarias foram abertas junto com bares, choperias e outros ambientes especializados para o consumo da bebida. A sua popularização, inclusive, é um dos temas tratados pela publicação Larousse da Cerveja, escrita por Ronaldo Morado, uma enciclopédia sobre a bebida e sua diversidade pelo mundo.

 

Por aqui, a cerveja só apareceu no século XVII, trazida por holandeses da Companhia das Índias Oriental. Foi uma rápida apresentação. Em 1654 os holandeses deixaram o País e a cerveja desapareceu das nossas terras por quase 150 anos. Nesse intervalo, a cachaça virou a bebida mais popular. Somente em 1808 a cerveja reapareceria. Chegou junto com a família real portuguesa.

 

Nos anos seguintes, toda a cerveja consumida no País vinha em navios que traziam provisões da Europa. De acordo com a publicação, somente por volta de 1830 aparecem registros de famílias de imigrantes que começaram a produzir artesanalmente a bebida, mas para consumo próprio. A dificuldade para importar o lúpulo e a cevada era contornada  com o uso de arroz, milho e trigo entre outros. "Porém, esse não era o principal problema", lembra Morado. Quem aprecia o produto sabe que ele deve ser consumido gelado. Não é difícil imaginar o que acontecia num país tropical. "Máquinas movidas a vapor para refrigeração existiam, mas eram raras e caras", conta Morado.

 

A partir da década de 1850 começaram a aparecer as pequenas cervejarias pelo País até que em 1888 surgiram duas cervejarias que fariam história. A Cia Cervejaria Brahma e a Cia Antarctica Paulista. A partir daí, é possível falar que o produto passou a ganhar espaço no mercado, mas a sua emancipação somente aconteceria quase 100 anos anos depois. A partir de 1980, diversas cervejarias são abertas, choperias modernas são criadas e as mulheres são incorporadas no mercado de consumo.

 

Marcas para todos os gostos.Outro marco se dá com a fusão, em 1999, da Antarctica e Brahma, originando a Ambev. Mais tarde, em 2004, a Ambev junta-se à gigante belga Interbrew, formando a Inbev, a maior produtora do mundo atualmente. Hoje, esse mercado está consolidado no Brasil. O consumidor não tem mais dificuldade para encontrar o produto. As atuais preocupações são outras, como: será que ela engorda? Morado analisa uma série de estudos sobre a questão e sua conclusão é a desejada por todos. "Cerveja e obesidade não estão relacionados, porém, é preciso prestar atenção àquilo que se ingere junto, como a batata, o torresmo ou o amendoim."

 

O autor mostra uma série de outras combinações gastronômicas que vão além dos tradicionais tira-gostos. De acordo com Morado, cerveja vai bem até com sobremesa. Um petit gateau combina com as escuras do estilo Bock, Porter ou Stout, entre outras. Aliás, tipo de cerveja é o que não falta. A publicação descreve as características de 81 estilos diferentes. As de estilo Ale, por exemplo, remetem aos primórdios da cervejas. Mas no Brasil, e no mundo, a mais popular são as do tipo Pilsen, mais leves. O nome deriva da cidade de Pilsen, na Boêmia,  criada em 1842.

 

Serviço:
Larousse da Cerveja, de Ronaldo Morado.
Editora Larousse do Brasil
Preço: R$ 119

 

Veículo: Diário do Comércio - SP


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