A diversificação dos mercados atendidos pelos produtores de suínos em Minas Gerais fez com que as exportações do produto tivessem um avanço significativo em agosto, se comparado com o ritmo observado em julho. O aumento em 37,85% nos volumes embarcados contribuiu para a redução da oferta de suínos no mercado interno, suspendendo o ritmo de queda npreços da carne.
De acordo com o superintendente da Subsecretaria do Agronegócio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), João Ricardo Albanez, a manutenção da alta observada nas exportações será essencial para o setor em Minas Gerais. A redução da dependência da comercialização com a Rússia, após o embargo às carnes brasileiras, é vista como positiva para o setor.
"A Rússia era o principal país comprador da carne suína de Minas Gerais. Com o embargo, os produtores tiveram que sair em busca de novos mercados. Com a diversificação, a dependência do país foi reduzida. Acreditamos que, quando as negociações com os russos forem retomadas, os resultados das exportações de carnes suínas serão alavancados, já que vamos destinar novos volumes à Rússia", disse Albanez.
Inverno russo - O embargo às carnes brasileiras, segundo Albanez, deve ser suspenso rapidamente. Vários fatores irão contribuir para a retomada do comércio, entre elas estão a aproximação do inverno na Rússia, onde o consumo de carnes será alavancado e os estoques estão baixos e a formação de uma missão brasileira para ir aos país em busca de novo acordo. Além disso, o inverno rigoroso compromete o funcionamento de alguns portos, impedindo o ingresso de mercadorias no país.
Em Minas Gerais, ao longo de agosto, de acordo com os dados da Seapa, foram embarcadas 3,2 mil toneladas de carnes de suínos. O volume ficou 37,85% superior aos exportado em julho, quando foram comercializadas 2,37 mil toneladas. No mesmo período a receita gerada com a comercialização alcançou US$ 7,302 milhões, o que representa uma expansão de 51,86% sobre o faturamento de julho, que foi de US$ 4,809 milhões. A tonelada do produto também apresentou valorização de 10,16% em agosto, com preço de comercialização de US$ 2,22 mil.
Atualmente, o principal destino das carnes suínas produzidas em Minas Gerais é Hong Kong, que adquiriu 48,4% do volume exportado pelo Estado. Em segundo lugar, ficou a Ucrânia com participação de 20%, seguido pela Albânia, com 8,7% do volume. O volume restante foi destinado a 22 países, entre eles estão Cingapura e Equador.
"A previsão é de que as exportações para a Rússia irão se normalizar e, neste caso, os ganhos com a carne suína serão ainda maiores que antes da suspensão do comércio. O anúncio de que o governo russo vai liberar as compras de carne bovina de um frigorífico em Goiás, São Paulo, Minas Gerais e dois do Mato Grosso do Sul reforça a expectativa de normalização das exportações de suínos", ressaltou.
Mercado interno - O aumento das negociações com o exterior já está impactando positivamente nas cotações do produto no mercado interno. A valorização e o aumento das exportações são considerados essenciais para o setor que vem enfrentando alta significativa nos custos de produção, que foram impulsionados principalmente pela alta nos preços do milho e do farelo de soja. O quilo do animal vivo no Estado foi comercializado a R$ 2,56 em 12 de setembro, em 5 de setembro o mesmo volume era negociado a R$ 2,41, alta de 6,22%.
De acordo com Albanez, o mercado para a carne suína esteve desfavorável ao longo dos primeiros oito meses. Além do embargo russo, a valorização do câmbio afetou as negociações com o exterior.
Segundo os dados da balança comercial do agronegócio mineiro, entre janeiro e agosto foi registrado recuo de 34,53% no faturamento obtido com as exportações de carnes suínas. Em igual período de 2010, a receita com os embarques foi de US$ 52,50 milhões. O montante foi reduzido para US$ 34,5 milhões em 2011.
Em relação ao volume, a queda está em torno de 31,35%. No acumulado dos oito primeiros anos de 2011, foram destinados ao exterior 15,7 mil toneladas, contra 22,8 mil toneladas embarcadas em igual período anterior. O preço por tonelada foi de US$ 2,196, com queda de 4,63% frente ao praticado em igual intervalo anterior.
O presidente da Associação dos Suinocultores de Minas Gerais (Asemg), João Bosco Martins de Abreu, também acredita na retomada do aumento da receita das vendas externas da carne. Ele lembra que o mercado esteve quase paralisado durante um longo período.
"De repente o mercado começou a funcionar", ressalta Abreu. "Constatamos agora um esboço de reação, e um dos sinais da mudança de cenário foi a melhoria das cotações da carne suína no mercado interno em função do aumento do volume exportado", observa.
Veículo: Diário do Comércio - MG