Após apresentar fortes e sucessivas quedas entre o final de 2011 e o início deste ano, a cotação do frango vivo em Minas voltou a subir em fevereiro. Mesmo com a alta, a situação dos avicultores no Estado é considerada crítica, uma vez que os custos de produção estão iguais ou pouco menores que os preços recebidos pela venda dos animais. A tendência é de que ocorram novas valorizações dos preços ao longo das próximas semanas.
De acordo com o analista de mercado da consultoria Safra & Mercados, Felipe Netto, no início de fevereiro o quilo do animal vivo em Minas estava em torno de R$ 1,55, valor abaixo dos custos de produção, que estão estimados entre R$ 1,60 e R$ 1,70, dependendo da tecnologia aplicada e dos insumos utilizados.
A partir da segunda semana do mês, devido à redução da produção, os preços começaram a evoluir e estavam em torno de R$ 1,80 na última quarta-feira. O incremento de 16% deu novo fôlego à atividade.
"Desde o final de 2011 os avicultores estão enfrentando perdas e adotando medidas para que a produção fique mais ajustada à demanda, o que é essencial para alavancar os preços e manter a cotação em patamares rentáveis para a atividade", diz Netto.
Segundo ele, em praticamente todas as regiões produtoras foi observado movimento de recuperação nas cotações, tanto para o frango vivo quanto para os cortes no atacado, em razão de maior procura e de quadro de oferta menos abundante.
"Na segunda semana de fevereiro, as empresas vinculadas ao setor procuraram antecipar negócios, em virtude do Carnaval, que leva muitas empresas a reduzir o ritmo de fornecimento do produto. A tendência é de que os preços continuem em alta ao longo de março", avalia. A nova alta ao longo de março será impulsionada pelo aquecimento da demanda. Entre janeiro e fevereiro a queda nos preços era esperada, principalmente devido ao período de férias.
Mesmo com a expectativa de nova alta na cotação, os custos com a atividade também deverão se manter em elevação. A seca no Sul do país comprometeu parte da produção de grãos, principalmente milho, item que responde por cerca de 70% dos custos de produção do frango.
Com a redução da safra, a tendência é de que os preços se mantenham estáveis, com ligeira tendência a elevações. A situação só deverá mudar a partir do final de março, com o início da colheita de grãos em Minas e o aumento da oferta do cereal no mercado.
"Até o final de março os avicultores continuarão enfrentando custos elevados, mas a situação poderá ser mais positiva para o setor, já que a tendência também é de mercado firme para o frango no próximo mês. A retomada das aulas e das negociações com o mercado internacional irá contribuir para reduzir a oferta no mercado interno e alavancar os preços das aves", acrescenta Netto.
Uma das principais causas da redução dos preços do frango vivo no mercado foi o aumento da produção registrado em 2011. Segundo os dados divulgados pela Safras & Mercado, a produção do setor avícola no país foi recorde no ano passado. Ao todo foram produzidas 12,86 milhões de toneladas de carne de frango, volume 4,47% superior às 12,31 milhões de toneladas produzidas em 2010.
A expectativa de demanda aquecida pelas festas de fim de ano fez com que os avicultores investissem na produção em dezembro, mês em que foi registrado o pico produtivo, com volume de 1,13 milhão de toneladas, estabelecendo novo recorde mensal, com a superação das 1,11 milhão de toneladas produzidas no mesmo mês de 2010.
A demanda foi grande, porém ficou inferior ao volume disponibilizado, o que, atrelado à queda do consumo em janeiro, impactou significativamente a composição dos preços do frango vivo.
Veículo: Diário do Comércio - MG