Embargo argentino chega ao fim

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O impacto dos embarques voltados para a Argentina será sentido no curto prazo.

O fim do embargo argentino à carne suína brasileira e a habilitação do frigorífico da BRF Brasil Foods, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, para comercializar a carne no mercado chinês trará novo fôlego à suinocultura de Minas Gerais e das demais regiões produtoras do país. A possibilidade de aumentar a comercialização de carne suína no mercado externo é considerada fundamental para equilibrar a oferta do produto internamente e impulsionar a retomada dos preços, que hoje são insuficientes para cobrir os custos de produção.

De acordo com o vice-presidente da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), José Arnaldo Cardoso Pena, o impacto dos embarques voltados para a Argentina serão sentidos no curto prazo. Há cerca de três meses, a venda para o país vizinho vinha sofrendo restrições. Nesse período, o Brasil deixou de exportar pelo menos 10 mil toneladas do produto. Em troca, o governo brasileiro vai liberar a entrada de uvas-passas da Argentina.

"A decisão da Argentina em liberar as exportações brasileiras de carne suína veio para melhorar o astral do suinocultor que vem enfrentando uma situação crítica devido aos preços baixos pagos pelo produto e os custos em alta. Nossa expectativa é que a oferta no mercado nacional seja reduzida com a retomada dos embarques, o que promoverá a recuperação dos preços", disse.

Segundo os dados da Asemg, a expectativa é que sejam exportadas, inicialmente, entre 4 mil e 5 mil toneladas de carnes suína para a Argentina, mensalmente. O volume corresponde a 50 mil suínos vivos e é considerada fundamental para regular a oferta no país. Existe a possibilidade de que o volume seja gradualmente ampliado, uma vez que o país vizinho produz apenas 50% do volume consumido pela população.


Incentivo - Em relação à China, Cardoso Pena acredita que a abertura servirá de incentivo para as demais empresas e produtores a investirem nos processos produtivos e, futuramente, conquistarem oportunidades de fornecer o produto para o país asiático e outras localidades.

"A abertura internacional serve de incentivo para que os suinocultores invistam na melhoria dos processos e ampliem a qualidade da carne suína. Devido à rigidez das regras internacionais, ser credenciado para exportar agrega valor à carne e amplia a rentabilidade dos produtores", avalia.

A habilitação da unidade mineira da BRF Brasil Foods, que libera a exportação de carne suína para a China, foi anunciada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Segundo nota enviada pelo Mapa, no final de 2010, uma missão composta por autoridades sanitárias chinesas visitou o Brasil e a partir dessa visita foram estabelecidas trocas de informações entre os serviços veterinários dos dois países que permitiram a habilitação de estabelecimentos. Atualmente, três frigoríficos de carne suína estão aptos a vender o produto para China, um de Goiás e dois de Santa Catarina.

A expectativa dos representantes do Mapa é que outros 14 estabelecimentos de suínos sejam autorizados a exportar para a China ainda no primeiro semestre deste ano. O serviço de inspeção veterinário chinês está analisando a documentação e decidirá se aprova os demais estabelecimentos com base na análise dos relatórios de ações, que deve ser concluída até junho de 2012.


Mercado - A decisão de viabilizar os embarques para o mercado chinês e argentino poderá contribuir para que os preços pagos pelo quilo do suíno vivo sejam impulsionados. O valor praticado no mercado de Minas Gerais, hoje em torno de R$ 2,50, está inferior aos custos de produção que giram em torno de R$ 2,80 por quilo de animal vivo. Entre abril e maio houve valorização de 4,1% na cotação do suíno, enquanto os custos subiram em níveis superiores.

No mesmo período, a saca de 60 quilos de soja, um dos principais componentes da ração suína, aumentou 14%.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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