O forte aumento dos preços da soja e do milho no mercado internacional deve fazer com o preço da carne seja reajustado no País. Com a alta desses dois produtos básicos que viram ração para os animais, os produtores reclamam de uma pressão de custo, agravada pela quebra de safra dos Estados Unidos.
"Essa situação vai ter um reflexo significativo nos preços. Lógico que, se o farelo de soja subir 100%, não significa que o produtor vai subir o preço na mesma proporção. Mas deve ter um reflexo entre 30% e 35%", diz Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Apibecs). "Só o farelo teve aumento de mais de 100% em seis meses", afirma.
Para ele, o repasse de preços é inevitável e deve ser uma tendência não só no Brasil, mas em toda a produção mundial. "No caso da carne suína, o aumento de preço já começou. No boi e nas aves ainda não, mas ele deve ocorrer", afirma. Segundo Neto, "não é fácil fazer um repasse de preço". "Na carne, há uma elasticidade de demanda muito forte. Toda vez que o preço sobe o consumo diminui", diz.
A quebra de safra dificultou ainda mais a situação dos produtores. Por causa de problemas climáticos no Sul do País no início do ano, o preço da carne já estava elevado.
No Brasil, segundo um levantamento da Abipecs, a liderança da produção da suinocultura é de Santa Catarina (25%), seguido pelo Rio Grande do Sul (19,3%) e Paraná (17%).
"Quando a gente achou que os preços iriam cair, veio a questão americana e o preço do milho não caiu. Eu acredito que nem vai cair, pode subir um pouco mais", diz Neto. "O produtor vem tendo prejuízos desde janeiro", afirma.
Apesar do difícil cenário enfrentado pelo setor, o presidente da Apibecs diz que nos últimos 15 dias houve um alívio. O preço da carne, de acordo com ele, subiu até 15%. "Foi até mais do esperávamos. As exportações melhoraram um pouquinho também."
Veículo: O Estado de S.Paulo