A África do Sul se uniu ao BRICS - grupo das maiores economias emergentes, formado também por Brasil, Rússia, Índia e China - no ano passado, na esperança de que a decisão impulsionaria sua economia e aumentaria sua influência no mundo. Mas nem bem secou a tinta do documento de adesão, a África do Sul já está envolvida em uma disputa comercial com um de seus novos parceiros, o Brasil.
A indústria do frango na África do Sul acusa o Brasil de praticar dumping, vendendo frangos no país a preços mais baixos que na origem.
Os criadores sul-africanos dizem que estão sendo obrigados a cortar empregos porque não conseguem competir com os preços "deslealmente baixos" do produto brasileiro.
O Brasil nega as acusações e levou a questão à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Os sul-africanos consomem mais de 1 bilhão de frangos por ano, mais que o dobro do consumo de carne bovina no País, segundo o governo.
Isso significa que a avicultura sempre foi um bom negócio, mas os produtores locais afirmam que o mercado encolheu dramaticamente nos últimos anos e citam o crescimento de 40% das exportações do Brasil.
"Nosso povo está perdendo empregos, nossas empresas estão deixando de lucrar. [O dumping] vai ter impacto negativo na economia do país", diz o avicultor Tumi Mokwene. A indústria avícola local emprega mais de 48,2 mil pessoas diretamente, e 59,7 mil indiretamente. Mas cerca de 3 mil pessoas podem perder seu emprego nos próximos meses, dizem autoridades.
Alguns cortes já começaram a ser feitos. A Astral Foods, segundo maior produtor de frangos no país, cortou 150 vagas nas últimas semanas.
A empresa, que emprega mais de 12 mil pessoas, diz que a decisão foi resultado de "cortes na produção" causados por um aumento do preço dos grãos e por um dramático crescimento das importações de frango.
Pequenos produtores, como Mokwene, não estão em melhor situação. Proprietário de uma granja de 13 hectares em Pretória, ele concorda que cortes de vagas são inevitáveis.
Sua propriedade tem capacidade de produção de quase 50 mil frangos a cada 35 dias, mas atualmente ele produz apenas uma fração desse volume.
"Nós tivemos de mudar nosso modelo de negócios para sobreviver e tivemos de dizer a alguns de nossos funcionários que não podemos mais mantê-los", diz Mokwene. Há temores de que a disputa se espalhe para outros setores, como a vinicultura e a suinocultura.
Os avicultores locais querem que o governo adote medidas mais rígidas contra as importações, especialmente de produtos que a África do Sul já produz em massa.
Veículo: DCI