Seca pressiona preço da carne, que já está até 18% mais alto

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Além de estiagem em regiões produtoras, demanda maior nas férias interfere no valor
   
Preço das carnes já subiu 1,18%, pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da segunda quadrissemana de janeiro

   
Os consumidores estão pagando mais caro pela carne no país e o preço continuará alto por mais tempo. Em dezembro, os preços no varejo subiram entre 12% e 18%, pressionados pelo maior consumo normalmente registrado nessa época de festas e férias. Agora, a falta de chuvas em regiões produtoras será uma pressão a mais. Segundo André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), o preço das carnes já subiu 1,18%, pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) na segunda quadrissemana de janeiro. Na primeira, a alta fora de 1,22%.

— Já pode ser um reflexo da estiagem nas regiões produtoras. Mas não é somente isso que pesa agora nos preços: as férias já contribuem normalmente para as altas — comentou o economista.

Na prévia da inflação oficial de janeiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado nesta quarta-feira pelo IBGE, o grupo de alimentos e bebidas voltou a ser um dos vilões do índice. De dezembro a janeiro, o avanço do preço da carne subiu de 0,47% para 1,12%.

Luciano Duarte, diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas do Rio (Sindicarnes-RJ), confirma que os preços podem permanecer no atual nível de preços após terem subido em dezembro.

— Em meados de outubro, o quilo da carne de segunda custava entre R$ 7,40 e R$ 7,90. Agora, sai entre R$ 8,60 e R$ 8,90. Já o quilo da carne de primeira saiu de uma faixa de preços entre R$ 10,50 e R$ 11 para os atuais R$ 12, R$ 13.

Em Goiás, a arroba foi cotada este mês a R$ 88,21, valorização de 6,2% na comparação com novembro. No Estado do Mato Grosso, a cotação subiu 3,5%, para R$ 84,97. Em São Paulo, o preço da arroba foi de R$ 95,37 no mês, praticamente estável. De acordo com o boletim Custos e Preços, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), esse cenário deve persistir no início de 2013.

— Com a retomada das chuvas, o abate está se normalizando. Mas os preços devem continuar num patamar elevado no verão, como de costume nessa época de demanda maior — disse Rosimeire dos Santos, superintendente técnica da CNA.

Segundo Pietrangelo Leta, diretor comercial do Zona Sul, os frigoríficos já haviam alertado sobre problemas nos pastos motivados pela escassez de chuvas. Com isso, os preços de alguns cortes bovinos sofreram reajuste em torno de 8% a 10%. Um aquecimento que, diz ele, já seria natural neste período por causa da proximidade do carnaval. No entanto, frisa o diretor, o Zona Sul não repassou esse reajuste ao consumidor, para não prejudicar as vendas.

— No momento, o supermercado ainda investe mais fortemente no segmento de importados. O leve recuo na cotação do dólar proporcionou uma boa entrada de cortes importados do Uruguai. São carnes diferenciadas com preços competitivos em relação aos produtos nacionais.

Braz, da FGV, lembrou ainda que, a despeito do encarecimento de agora, as carnes encerraram 2012 com deflação de 1,72%.



Veículo: O Globo - RJ


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