Valor recorde na exportação de frango e bovino

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As exportações de carnes de frango e bovina do país no primeiro semestre deste ano tiveram receitas recordes para o período, enquanto o montante apurado com as de suíno recuou. As razões para o forte desempenho dos dois primeiros produtos são distintas. Os exportadores de frango têm conseguido repassar altas de custos para os preços em dólar enquanto os de carne bovina ampliaram os volumes embarcados.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior compilados pela Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte (Apinco), a receita com as exportações de carne de frango no primeiro semestre deste ano alcançou quase US$ 4,1 bilhões, um recorde para os primeiros seis meses do ano. Em comparação com o igual intervalo de 2012, a alta foi de 7%. O volume embarcado no período, porém, caiu 5% para 1,890 milhão de toneladas. O desempenho mostra uma valorização nos preços médios de venda da carne de frango no mercado internacional.

Considerando apenas o mês passado, a receita avançou 14,5%. O montante saiu de US$ 552,7 milhões em junho de 2012 para US$ 631 milhões no mês passado. O volume, porém, caiu ligeiramente na mesma comparação e foi o menor dos últimos quatro meses, observou José Carlos Godoy, secretário-executivo da Apinco. Em junho de 2012, o país havia embarcado 307,3 mil toneladas e no mês passado foram 305,9 mil toneladas.

Citando informações divulgadas recentemente pela Agência para Agricultura e Alimentação da Organização das Nações Unidas, a FAO, Godoy observa que os estoques de carnes em países como Japão e Coreia do Sul estão elevados, o que impacta as exportações brasileiras. Ele acrescenta que a crise em vários países também afeta a demanda pela carne de frango produzida no Brasil. "O consumidor não consegue manter o padrão anterior", observa. Também há aumento da produção de frango em países que são clientes do Brasil como Rússia e Ucrânia, acrescenta Godoy.

Já as exportações de carne bovina renderam US$ 3,001 bilhões no primeiro semestre deste ano, salto de 13,6% sobre os US$ 2,641 bilhões do mesmo intervalo de 2012, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Com isso, a entidade manteve a previsão de que a receita com as exportações de carne bovina do país ultrapassem US$ 6 bilhões este ano, um recorde. Entre janeiro e junho de 2013, os frigoríficos do país embarcaram 674,7 mil toneladas, alta de 21% na comparação com as 557,3 mil toneladas do mesmo intervalo de 2012.

No primeiro semestre, Hong Kong ultrapassou a Rússia como o principal destino das exportações de carne bovina do Brasil. No período, a cidade-Estado chinesa pagou US$ 679,056 milhões por 172,823 mil toneladas da carne brasileira, aumento de 72,8% e 67,7%, respectivamente, sobre igual intervalo de 2012.

A Rússia também ampliou as compras de carne bovina brasileira. Entre janeiro e junho, o país importou 154,7 mil toneladas, alta de 9,29% ante o volume do mesmo intervalo do ano passado. A receita com a venda para a Rússia recuou 0,8%, passando de US$ 620,6 milhões nos primeiros seis meses de 2012 para US$ 615,7 milhões no primeiro semestre deste ano. Terceiro principal destino da carne bovina brasileira no primeiro semestre, a União Europeia importou 59,9 mil toneladas, gastando US$ 388,8 milhões. Trata-se de um aumento de 17,4% em volume e de 6,6% em receita na comparação com o mesmo intervalo de 2012.

Para a carne suína, o quadro é de queda tanto na receita quanto em volumes. As vendas externas do Brasil somaram 240.515 toneladas no primeiro semestre, 10,52% menos que em igual intervalo de 2012. Já a receita encolheu 8,31% na mesma comparação, para US$ 630,265 milhões, conforme divulgou ontem a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). No mês passado, foram embarcadas 40.626 toneladas, com receita de US$ 98,493 milhões. Em relação ao mesmo mês de 2012, o volume caiu 7,49% e a receita recuou 9,14%. O preço médio dos embarques diminuiu 1,79% na comparação, para US$ 2.424 por tonelada.

"Os números estão refletindo a suspensão temporária, a partir de 20 de março, pela Ucrânia. A retomada da exportação de carne suína para a Ucrânia, desde 19 de junho, deve aparecer em números a partir da segunda quinzena de julho deste ano, e se vislumbra uma perspectiva positiva de recuperação gradativa no decorrer do segundo semestre. A principal alavanca para a recuperação do desempenho das exportações poderá ser o mercado japonês, no qual depositamos boas expectativas a curto, médio e longo prazo", afirma Rui Vargas, presidente da Abipecs, em comunicado.

No primeiro semestre, a Rússia foi o principal destino dos embarques de carne suína do Brasil. O país absorveu 28,7% das vendas, seguido por Hong Kong (25,3%) e Ucrânia (11.6%). Uma missão veterinária russa está no país este mês.



Veículo: Valor Econômico


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