A primeira prévia de outubro do Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S), divulgada ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV), ficou em 0,16%, ante queda de 0,09% no indicador anterior, de até 30 de setembro. O principal movimento aconteceu nos grupos Alimentação, com uma queda menor nos preços comparada ao IPC-S anterior e Habitação, onde as tarifas de água e esgoto tiveram uma alta expressiva (2,39%). "Esses são os itens que mais oneram o orçamento familiar. Estima-se que 60% da renda são gastos com essas despesas", explicou André Braz, economista da FGV.
O resultado porém, ainda não é o reflexo da disparada do câmbio nos últimos dias. "Mesmo diante da desvalorização do real frente ao dólar, demora um pouco para esse efeito chegar à mesa da família brasileira, porque os estoques que estão sendo consumidos foram comprados com um dólar diferente", afirmou Braz.
Segundo ele, o IPC-S trouxe uma queda menor no preço dos alimentos, grupo que pressionou a inflação ao longo do primeiro semestre. "A partir de julho esses preços tiveram um recuo gradual, e agora caíram menos. Os alimentos saíram de uma baixa de 0,97% no fechamento do mês de setembro, para -0,23% na atual medição", frisou. Das sete classes de despesa usadas para cálculo do índice, seis tiveram subiram mais. É o caso de Educação, Leitura e Recreação (de 0,11% para 0,12%); Saúde e Cuidados Pessoais (de 0,19% para 0,23%); Transportes (de 0,10% para 0,13%); Habitação (de 0,24% para 0,34%); Vestuário (de 0,58% para 0,72%) e Alimentação (de -0,97% para -0,23%). A única classe de despesa a apresentar desaceleração de preços foi a de Despesas Diversas (de 1,02% para 0,86%).
Para o economista, dois cenários conjunturais vão segurar o efeito dos impactos do câmbio na inflação. Um é o aumento da taxa Selic, que foi dado na última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), em abril. "O aumento na taxa de juro demora entre seis e nove meses para trazer resultados e esse ciclo se completa agora no final do ano. Isso ajudará a conter a inflação, porque desestimula o consumo", explica. Outro fator que deve contribuir é a queda de preços das commodities. "Essas duas situações vão ajudar a não deixar a crise contaminar a inflação", afirmou Braz.
Veículo: DCI