A volta do 'compre agora porque vai ficar mais caro'

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Vendedores usam alta do dólar para atrair consumidor

 

As redes de varejo dizem uma coisa, mas os vendedores dizem outra, e os consumidores ficam no meio do fogo cruzado dos efeitos da crise. O Estado visitou lojas das redes de varejo de eletroeletrônicos, e obteve informações diferentes daquelas passadas pelas empresas sobre o futuro dos preços dos produtos e formas de parcelamento. Nas Casas Bahia, por exemplo, o vendedor aconselhou a comprar alguns produtos “logo, porque no fim do ano e com essa crise sempre tem um aumentinho nos juros”. Por meio de sua assessoria de imprensa, no entanto, a rede informou que não houve alteração nos preços nem nos juros de financiamento da empresa, e não há previsão de alterações.

 

No Magazine Luiza, a orientação do vendedor foi “aproveitar enquanto o preço dos eletrônicos estava baixo, porque, com o dólar, provavelmente tudo subiria”. A empresa afirmou que não estava fazendo comentários sobre os possíveis efeitos da crise sobre os negócios.

 

O Ponto Frio informou que, como acabou de passar por uma reestruturação que envolveu a Ponto Cred, braço de controle de crédito da rede, poderia haver alterações. Nas lojas, já não era tão fácil negociar prazos de dez meses para diversos produtos.

 

“O varejo está numa expectativa muito grande para saber o que vai acontecer, e os prazos estão começando a diminuir para o consumidor”, diz o presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun. Segundo ele, essa deve ser a principal mudança no comércio, nas próximas semanas. “As lojas que vendem importados também já foram informadas que haverá aumento nas tabelas, que deve ser repassado.”

 

Fora isso, ele diz que não houve cancelamento de encomendas, e os lojistas ainda esperam um fim de ano muito bom. “O 13º salário não muda. Pode não ser tão bom quanto se esperava, mas o fim do ano vai ser bom”, afirma.

 

Mas, como ainda há muita incerteza sobre o que vai acontecer, o consumidor também está segurando um pouco as compras. “Ele só vai comprar se tiver muita segurança de ser atendido em suas expectativas', diz Juracy Parente, coordenador do Centro de Excelência em Varejo da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV, em comunicado. Isso inclui, segundo ele, não apenas a qualidade dos produtos, mas o bom atendimento. Para Parente, o varejo de baixa renda será favorecido num primeiro momento.

 

Sahyoun concorda. “Os produtos de maior valor agregado são os que primeiro vão sofrer redução de prazos para financiamento, como já vimos na indústria automobilística. Mas, se o dólar mantiver a tendência de queda, como ontem, e o governo injetar dinheiro nas empresas, daqui a duas semanas teremos um cenário muito mais claro para os consumidores.”

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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