"Prato feito" sobe duas vezes mais que a inflação

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Alta do "PF" foi de quase 15% em um ano; inflação média ficou em 5%

 

Preço do feijão disparou 98% em 12 meses; contrafilé ficou 15% mais caro no período, de acordo com o IBGE

 

O tradicional "PF" (prato feito) subiu quase duas vezes mais do que a inflação medida pelo IPCA em um ano.

 

A combinação de alimentos mais procurada pelos brasileiros -o arroz com feijão acompanhado de salada, bife, batata frita e ovo frito- teve alta de preço de 14,6% nos últimos 12 meses encerrados em outubro.

 

O cálculo foi feito pelo economista Jean Barbosa, da Tendências Consultoria, a pedido da Folha, com base na variação dos componentes do "prato feito" no IPCA e o peso desses produtos no principal índice de inflação. No mesmo intervalo, o índice geral subiu 5,2%.

 

O feijão apresentou a maior contribuição para a "inflação do PF". O tipo carioca subiu 98% na média nos últimos 12 meses.
O motivo: problemas climáticos comprometeram a produtividade e resultaram em quebra de safra.

 

A produção brasileira ficou em 3,15 milhões de toneladas na safra 2009/10, insuficiente para atender à demanda. O Brasil consome, por ano, cerca de 3,3 milhões de toneladas de feijão.
"Houve um aperto no consumo. Com o preço mais alto, os consumidores procuram alternativas e o mercado acaba se equilibrando", diz o analista especializado no setor Vlamir Brandalizze, sócio da Brandalizze Consultoria.

 

Os preços pagos ao produtor já começaram a cair e, em breve, o valor nas gôndolas deve seguir essa tendência.
"Entre dezembro e janeiro, começa a colheita da primeira safra de feijão, o que vai elevar a oferta em um momento de demanda tradicionalmente mais fraca, em razão das férias", afirma.

 

A saca do feijão, que chegou a ser cotada a R$ 230 no campo em meados deste ano, ontem era vendida a R$ 108 na média brasileira, segundo levantamento da Folha. Desde o início de novembro, o preço pago ao produtor caiu 14%.

 

CARNE SALGADA

 

O bife também pesou no custo do prato feito.
O preço do contrafilé subiu 15% em 12 meses, conforme mostra o IPCA. A oferta de carne bovina também foi influenciada por fatores climáticos, como a seca em áreas de pecuária, o que prejudicou a engorda do gado.

 

Além desse fator pontual, a oferta de animais para abate caiu também por conta de um fator conjuntural.

 

O Brasil vive os efeitos de um movimento de abate de matrizes (fêmeas) que ocorreu há quatro anos -reflexo dos baixos preços pagos ao produtor na época- e inibiu o crescimento do rebanho em uma fase de demanda aquecida. "O consumo cresceu acompanhando a renda da população", diz Barbosa.

 

Com o maior peso no custo do prato feito, o arroz permaneceu quase estável em 12 meses, assim como a alface.

 

Mesmo com influências menores no custo total da refeição, a batata e o tomate evitaram valorização ainda maior do "PF" em um ano, ao apresentarem variações negativas no período.
O ovo de galinha subiu em linha com a inflação.

 

A ALTA CONTINUA

 

O IPCA-15, considerado uma prévia do IPCA, divulgado nesta semana, mostrou que, apesar de os preços ao produtor se desacelerarem, o consumidor continua gastando mais no mercado.

 

O grupo alimentação e bebidas subiu 2,1% em novembro, ante 1,7% em outubro. O contrafilé ficou 6% mais caro em relação ao mês anterior, e o feijão-carioca subiu 11% na mesma comparação.

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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