Brasil reconhece que França não quer controle de preços

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Depois de criticar a ideia do governo francês de regulação do mercado agrícola mundial, defendida pelo presidente Nicolas Sarkozy na última reunião do G-20, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, reconheceu ontem que houve um mal-entendido na interpretação do governo brasileiro. O ministro garantiu que a França "é completamente contrária ao controle de preços".

 

Após se reunir com o ministro da Agricultura da França, Bruno Le Maire, Rossi disse que a proposta francesa busca "segurança alimentar e maior equilíbrio de preços e suprimentos agrícolas". E ressaltou a importância do país neste contexto: "O Brasil é uma das maiores potências agrícolas do mundo e isso traz responsabilidades".

 

Le Maire disse que fez questão de vir ao Brasil para desfazer o mal-entendido e buscar um consenso para o grande encontro de ministros de Agricultura do G20, nos dias 22 e 23 de junho, em Paris. Segundo ele, na reunião, as propostas francesas serão apresentadas ao mundo "de forma objetiva". Antes, o ministro visitará EUA e China para buscar mais apoio.

 

O ministro francês disse que a ideia de regulação se baseia em quatro pontos: mais transparência nos estoques mundiais de alimentos; mais cooperação entre os membros do G20 para combater as crises mais rapidamente; apoio aos países mais pobres, para que desenvolvam a agricultura e se preparem para as crises; e regulação financeira sobre os mercados agrícolas, evitando capitais especulativos que se voltam cada vez mais para o setor agropecuário após a crise de 2008.

 

"A regulação do mercado financeiro é para que ele funcione melhor. A França se opõe a qualquer controle ou tabela de preços", afirmou Le Maire. "Propomos uma melhor organização global na agricultura, que permita às grandes potências agrícolas continuar a se desenvolver, protegendo-se das crises, evitando alta volatilidade de preços e apoiando os países mais pobres".

 

Le Maire reforçou a tese do governo francês de que está se formando uma "bolha" no mercado agrícola. "Se não regularmos o mercado agrícola, acontecerá exatamente o mesmo que ocorreu com o mercado imobiliário", disse ele ao comparar a situação das commodities agrícolas à dos imóveis que desencadearam a crise financeira de 2008.

 

Os dois ministros ressaltaram que o caminho mais eficiente para evitar esses problemas é aumentar a produção. "A produção insuficiente levará a revoltas populares em países pobres, como as que estão ocorrendo atualmente [no Norte da África]", avaliou Le Maire.

 

Veículo: Valor Econômico


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