Consumo no Nordeste e Norte será fortalecido

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Crescimento do poder de compra nas duas regiões ficará próximo de ritmo chinês, beneficiando especialmente setores ligados a alimentos e bebidas

 

O aumento de quase 14% do salário mínimo previsto para 2012 pode levar o crescimento do consumo das famílias das Regiões Norte e Nordeste a taxas chinesas, especialmente no caso de itens de baixo valor unitário, como alimentos e bebidas. A previsão é do economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges.

 

Ele baseia a análise na fatia significativa que essas regiões representam na massa de renda formada pelos que ganham até um salário mínimo, incluindo trabalhadores da ativa e pensionistas e aposentados da Previdência Social. A Região Nordeste, por exemplo, responde por 35,2% da massa de renda dos que recebem até um salário mínimo. No caso da Região Norte, essa fatia é de 27% - a média do País é de 20,7%. "O impacto do salário mínimo no consumo não é desprezível regionalmente", ressalta o economista.

 

De olho nesse potencial, a Coca-Cola Brasil está animada com as perspectivas de aumento de vendas para os próximos anos. "Estamos acelerando significativamente os investimentos", afirma o vice-presidente de Comunicação e Sustentabilidade da empresa, Marco Simões. Para o período 2010/2014, a companhia vai investir R$ 11 bilhões em fábricas, infraestrutura, comunicação e linhas de produtos.

 

Entre refrigerantes e bebidas não alcoólicas, a companhia encerrou 2010 com crescimento de 11% nas vendas, na comparação com 2009. Para este ano, prevê a continuidade desse ritmo, com destaque para o Nordeste. Com a maior distribuição de renda por meio do reajuste do salário mínimo, as vendas de produtos de baixo valor unitário como refrigerante devem aumentar, prevê o executivo.

 

Custos. Os empresários não estão atentos só para aumento de vendas, mas também para o crescimento dos custos da mão de obra provocado pela alta do mínimo. Paulo Valente, presidente do Grupo Paramount, que atua na fabricação de fios, tecidos de malharia, confecções e ainda tem lojas no varejo de vestuário, diz que já considerou no planejamento deste ano o aumento no custo com a mão de obra.

 

Para isso, a companhia decidiu ampliar os ganhos de produtividade, aumentando os investimentos em máquinas mais modernas. No biênio 2010/2011, a empresa aplicou entre R$ 20 milhões e R$ 25 milhões em equipamentos. "Não estamos prevendo aumento de contratações neste momento", diz o executivo. Ele tem em seu grupo cerca de 3 mil trabalhadores e calcula que os quadros serão mantidos nos próximos 12 meses.

 

"O aumento do salário mínimo já está na conta do orçamento dos gestores públicos e privados. As grandes empresas fazem planejamento com um ano e meio de antecedência", conta o diretor da RC Consultores, Fabio Silveira. Ele acredita que, se a economia continuar crescendo, as empresas vão ampliar os investimentos em tecnologia e reduzir o ritmo de contratações já no segundo semestre deste ano. "As empresas vão admitir menos e até cortar pessoal. No caso do serviço público, os concursos vão diminuir."

 

Previdência. Outro impacto importante do aumento do salário mínimo recai sobre os gastos públicos, que incluem salário do funcionalismo público e pensionistas da Previdência Social. A LCA Consultores projeta uma despesa extra de R$ 22 bilhões em 2012 por causa do aumento do mínimo. A consultoria Tendências calcula um acréscimo de R$ 23,5 bilhões. A MB Associados considera a ampliação dos gastos públicos, em razão do reajuste do salário mínimo, o efeito mais negativo na economia porque significa um aumento de despesas permanentes.

 

Veículo: O Estado de S. Paulo


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