O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de fevereiro, divulgado ontem, mostrou que a economia continua em ritmo de aceleração, segundo especialistas. O IBC-Br acumulado no primeiro bimestre registrou alta de 4,17% comparado ao mesmo período do ano passado, na série dessazonalizada e 6,06%, na série se ajustes. No acumulado em 12 meses de 2011 em comparação com resultado de um ano antes, o índice avançou 6,83%, com ajustes sazonais e 7,32%, sem ajustes.
A autoridade monetária anunciou também que no trimestre encerrado em fevereiro, o IBC-Br registrou alta de 1,01% ante os três meses imediatamente anteriores, ao considerar a série dessazonalizada. Em termos anualizados, isso representa alta de 4,1%.
Contudo, o aumento de 0,32% do IBC-Br de fevereiro ante o registrado no mês anterior mostrou uma desaceleração. Em janeiro, a alta foi de 0,67% comparado a dezembro - numero revisado pelo BC. Além disso, apesar do IBC-Br de fevereiro ter subido 3,77% na série dessazonalizada e 6,98% na série sem ajuste, ante o observado em fevereiro de 2010, o segundo mês deste ano teve mais dias úteis, já que o carnaval ocorreu em março.
Mesmo assim, o resultado foi avaliado positivamente pelo mercado. O IBC-Br é considerado como um bom indicador para antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) - divulgado trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - e, assim, ajudar a autoridade monetária na definição da taxa básica de juros (Selic). Atualmente, a taxa está em 11,75% ao ano. A expectativa do mercado é que semana que vem o Comitê de Política Monetária (Copom) encerre o aperto monetário com Selic a 12,25% ao ano.
Na opinião do professor de Finanças da Brazilian Business School (BBS), Ricardo Torres, apesar dos dados de fevereiro estarem defasados, a economia brasileira está bastante aquecida. "A indústria está em ritmo forte de produção. Além disso, o Brasil ter ampliado seus parceiros internacionais, o que contribui positivamente para nosso PIB. E, mesmo com o câmbio desvalorizado, as exportações, que costumam ser prejudicados pelo dólar em baixa, estão crescendo neste ano", exemplifica o professor.
Torres acredita ainda que o primeiro bimestre mostra uma tendência para os próximo anos. Para ele, o PIB deve crescer próximo de 5%, "acima do estimado pelo governo (4%)".
Cristina Helena Pinto de Mello, professora de Economia do curso de Administração da ESPM, comenta que o resultado de março mostrará uma tendência mais expressiva do que fevereiro. "Normalmente, em março há uma queda com relação a mês anterior por questões sazonais, e com isso, poderemos observar como a economia se comporta", diz.
No entanto, ela entende que, "a princípio", o índice do Banco Central no primeiro bimestre deste ano apresenta ainda reflexo das ações expansionistas do ano passado, como o aumento dos gastos públicos. "Após este período, vamos ter de verificar os efeitos das medidas macroprudenciais ,que levam tempo para serem sentidas", ressalta a professora, que espera alta do PIB de cerca de 4,5% em 2011.
O último boletim Focus divulgado segunda-feira pelo BC mostra que a projeção do mercado é de que o PIB deste ano suba 4%.
PIBIU
Na avaliação do Itaú Unibanco, o PIB mensal estudado pelo banco (PIBIU) mostrou acomodação da atividade econômica em fevereiro, ao crescer 7,1% em relação ao mesmo mês de 2010.
"Apesar da forte alta de 1,6% da produção na indústria de transformação, indicadores do setor de serviços e do setor agropecuário recuaram na margem, a evitar desempenho mais favorável do PIB mensal", analisou o economista do banco, Aurélio Bicalho.
No acumulado em 12 meses, a expansão do PIB mensal Itaú Unibanco passou de 7,7% em janeiro para 7,5% em fevereiro.
De acordo com ele, houve mais componentes do PIB mensal em queda do que em alta na comparação com janeiro e livre de efeitos sazonais.
"No entanto, essa acomodação mais intensa tende a ser revertida em março", analisa, e continua: "A prévia do PIB mensal para o mês passado aponta para expansão elevada na margem (crescimento de 1% e aumento de 1,9% em relação a março de 2010). Avaliamos que as informações reveladas no último mês continuam compatíveis com o cenário de desaceleração da atividade econômica adiante, mas em ritmo que tende a ser moderado", prevê.
Veículo: DCI