Governo vai propor redução do ICMS

Leia em 3min 10s

Secretário executivo da Fazenda apresenta a deputados a primeira 'fatia' da proposta de reforma tributária em discussão com os Estados

 

O governo quer discutir com os Estados a redução do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado sobre alimentos, remédios, combustíveis, energia e telecomunicações. A informação foi dada pelo secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, que esteve ontem na Câmara dos Deputados para discutir a reforma tributária.

 

Ele disse que os secretários estaduais de Fazenda já fazem estudos sobre a tributação de alimentos, que difere muito de uma unidade da Federação para outra. "Vamos fazer um amplo mapa e construir uma proposta."

 

Também está no radar do governo a redução do ICMS sobre combustíveis, energia e telefonia. A alta incidência do tributo estadual é apontada como uma das causas do elevado custo desses insumos no País. O secretário reconheceu, porém, que essa é uma discussão difícil, pois a arrecadação estadual está concentrada neles.

 

Barbosa apresentou ontem aos deputados a primeira "fatia" da proposta de reforma tributária do governo, cujo objetivo geral não é reduzir a carga tributária, e sim simplificar o sistema. Trata-se de uma medida para acabar com a prática de alguns Estados de reduzir fortemente a tributação sobre mercadorias vindas do exterior, com o intuito de movimentar seus portos.

 

Mudando a tática que condenou a reforma tributária ao impasse nos últimos 20 anos, o governo começou desta vez apresentando uma proposta pontual, e não ampla, ao Senado, e não à Câmara. Cabe aos senadores definir a alíquota mínima e máxima do ICMS nas transações em que uma mercadoria sai de um Estado e é consumida em outro. Hoje, essa alíquota é de 12% na maioria dos casos. Assim, se um produto é taxado a 18%, por exemplo, os primeiros 12% ficam no Estado de origem do produto e os 6% restantes, onde ele for consumido.

 

O que alguns governadores fazem é reduzir esses 12% para 3% ou 4%, no caso dos importados. Essa redução é feita na forma da concessão de um crédito tributário, de alongamento de prazo no recolhimento do imposto ou na forma de financiamento.

 

Compensação. O governo propôs reduzir os 12% para 2%, no prazo de três anos. Assim, os benefícios oferecidos pelos Estados deixam de ser atraentes. Os Estados, porém, tendem a defender a alíquota em 4%, o que não é rejeitado de antemão pelo Executivo. Paralelamente, o governo ofereceria alguma compensação aos Estados mais dependentes da atividade portuária.

 

"A proposta foi bem recebida no Confaz", disse Barbosa, referindo-se ao Conselho de Política Fazendária, que reúne os secretários estaduais de Fazenda. Ele disse que esse fato lhe dá confiança de que a reforma tributária agora tem mais chances de avançar. A mesma avaliação é feita pelo senador Delcídio Gomes (PT-MS), relator da proposta. A senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) acredita que a votação dessa proposta é um primeiro teste para um novo modelo de discussão de reforma tributária.

 

O próximo item da pauta, disse Barbosa, é a desoneração da folha salarial. Ele disse que a ideia é reduzir a contribuição patronal ao INSS, hoje em 20%, e buscar as receitas necessárias para manter o sistema previdenciário em outra base de tributação.

 

Ele não revelou que base seria essa. Informou apenas que há propostas para que o dinheiro saia do faturamento ou do valor agregado às mercadorias por uma empresa. A criação de uma nova contribuição sobre a movimentação financeira, sugerida pela Confederação Nacional dos Serviços, foi descartada.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo

 


Veja também

Confederação pede a lojista aperto no crédito

Presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas envia hoje carta aos 800 mil associados, sugeri...

Veja mais
Lojistas devem ficar de olho no aumento de gastos do brasileiro

Para conter um possível endividamento das famílias brasileiras no comércio, a Confederaç&ati...

Veja mais
Produção cresceu em 7 regiões

A produção industrial cresceu em março em sete das 14 regiões pesquisadas pelo Instituto Bra...

Veja mais
China pode estar usando Mercosul em triangulação

Produtos vêm para o Brasil do Uruguai e do Paraguai   O aumento das exportações do Uruguai e...

Veja mais
UE anuncia hoje fim de benefício de comércio ao Brasil

Redução da tarifa aduaneira a alguns produtos é concedida a mais de 150 países, mas ser&aacu...

Veja mais
Novo consumo virá das classes D e E, diz pesquisa

Os supermercados no Brasil devem se preparar para atender aos consumidores das classes D e E (cuja renda familiar &eacut...

Veja mais
Analistas agora preveem inflação menor

Pela primeira vez em oito semanas, projeções para o indicador estão mais baixas; aposta é de...

Veja mais
Famílias gastam mais do que ganham

Pesquisa mostra que em 53% dos lares brasileiros os gastos superaram em 1% a renda ao longo de 2010.   Os gastos ...

Veja mais
Argentina aumenta barreiras contra o Brasil

Quase um quarto das exportações brasileiras para o país é alvo de restrição; n...

Veja mais