A pouca intimidade com as instituições financeiras faz com que os consumidores de baixa renda, com ganho médio de R$ 800, prefiram pagar as contas com dinheiro. Levantamento do Instituto de Pesquisas Fractal realizado com 2.960 pessoas, mostra que 85,3% delas quitam à vista as compras no supermercado.
Instrumentos como cartões de débito e crédito ou cheque ainda são usados por parcela pequena dessa população. Durante a compra de alimentos, o débito em conta-corrente é a opção escolhida por 13,6% dos entrevistados e o cheque foi citado somente por 0,2%.
"Esses números mostram que o potencial de bancarização no País é muito grande. O serviço é oferecido com precariedade para a camada mais pobre da população", avalia o diretor-presidente do Fractal, Celso Grisi.
A predominância do pagamento com dinheiro ocorre porque a maioria das pessoas desse estrato social recebe salários também desta forma. Entretanto, o pesquisador afirma que o percentual de usuários cresce fortemente no País.
Para se ter ideia, na classe média - famílias com renda entre R$ 800 e R$ 6.000, segundo critério da empresa - 35% dos pagamentos são realizados em dinheiro. "Os indivíduos com rendimento mensal intermediária têm nível de bancarização maior."
LOCAIS
Além dos supermercados, outros estabelecimentos que os consumidores de baixa renda preferem pagar em dinheiro são cabeleireiro, barbeiro, manicure (99%); restaurante e lanchonete (94,2), assim como as despesas com farmácia (92,2%).
Na hora de adquirir eletroeletrônicos, por exemplo, o dinheiro é a opção de 36,4% dos entrevistados. Apenas 8,9% deles utilizam o cartão de débito para financiar este tipo de despesa. A situação também é semelhante com os eletrônicos, cujos itens são pagos à vista por 38,3%.
Grisi acrescenta que mesmo entre os consumidores bancarizados, é comum a retirada de valores diversas vezes para a utilização do dinheiro pouco a pouco. O executivo destaca que os bancos têm potencial para explorar a venda de serviços financeiros diferenciados para a população que recebe R$ 800 por mês.
PRIORIDADE
As contas consideradas mais importantes pela população de baixa renda são água, luz, parcela de empréstimo CDC (Crédito Direto ao Consumidor) obtido em financeira e recarga do celular. Pagar a fatura do consumo de água é prioridade para 100% das pessoas (veja arte ao lado).
"A energia elétrica fica em segundo lugar porque em caso de aperto financeiro é possível não pagar a conta e fazer uma gambiarra. Manter a prestação do CDC em dia é garantia de linha de crédito em momento de necessidade futuro", diz o executivo.
Veículo: Diário do Grande ABC