Moeda se valoriza 2,64% em agosto e tem 2ª melhor rentabilidade, atrás do ouro; Ibovespa, que encerrou o mês com queda de 3,96%, já perdeu 18,48% neste ano
Dólar com valorização de 2,64%. Índice da Bolsa de Valores de São Paulo com queda de 3,96%. Os dois resultados são relativos ao mês de agosto e mostram como o cenário externo turbulento afetou os investimentos no Brasil. De um lado, o dólar, que é visto como um porto seguro no mundo todo, encerra agosto com o seu melhor porcentual de valorização mensal desde maio de 2010, quando a moeda subiu 4,48%. Do outro, as ações, que têm como essência o risco, se consolidam como o pior investimento do mês.
No ano, a Bovespa também assume a lanterna do ranking, com queda de 18,48%. O dólar, se analisado desde janeiro, registra desempenho negativo de 4,21%.
Os fatores externos que colaboraram para a configuração do ranking de agosto mês são: a aprovação do aumento do teto da dívida americana e o consequente rebaixamento do rating de crédito dos EUA pela agência Standard & Poor"s. Além disso, há as preocupações sobre a capacidade de pagamento das dívidas do governo da Itália e Espanha e o contágio de outros países da Europa.
"Esses acontecimentos deflagraram uma onda de pessimismo sobre o crescimento dos Estados Unidos e do resto do mundo. Daí, então, há o aumento da aversão ao risco", comenta Fábio Colombo, administrador de investimentos.
E são também por esses fatores que especialistas em finanças pessoais dizem que a tendência é de que o ranking dos investimentos continua por alguns meses com configuração semelhante a atual.
"Com a Bolsa como está, no entanto, surge uma oportunidade para a compra gradativa de ações", considera Rogério Bastos, diretor da consultoria FinPlan. Ele frisa, porém, que, quem sabe que precisará do dinheiro no curto prazo, não deve apostar na Bolsa. "De agora em diante, viveremos um tempo de fortes turbulências no mercado acionário. Portanto, a Bolsa agora, mais do que nunca, é para o longo prazo", reforça o especialista.
O primeiro lugar do ranking de investimentos de agosto ficou com o ouro (alta de 7,93%). No ano, o metal já ganhou 15,83%. A modalidade não é recomendada para pequenos investidores. Mas a constatação de boa rentabilidade é importante já que, quando o metal precioso se valoriza, é mais uma comprovação de que a turbulência na economia mundial está intensa.
Conservadores. Os fundos de renda fixa registraram a terceira melhor rentabilidade de agosto, com alta de 0,94%. Os fundos DI aparecem na sequência, em quarto lugar, com ganho de 0,85%. Os Certificado de Depósito Bancário (CDBs) com aplicação maior do que R$ 100 mil, renderam 0,76% em agosto e assumiram a quinta posição da listagem.
Bastos, da FinPlan, comenta que os fundos DI são os mais estáveis e os considera uma boa aplicação para quem tem algum dinheiro sobrando neste momento. "Os fundos de renda fixa podem ter alteração na rentabilidade se a taxa básica de juros (Selic) entrar em um ciclo de queda. Já os DI não sofrem alteração se a taxa for alterada."
Fábio Colombo lembra que, antes de escolher em qual fundo aplicar, é importante que o investidor cheque qual é a taxa de administração cobrada, que é descontada da rentabilidade.
Veículo: O Estado de S.Paulo