Alta do dólar já começa a pressionar matéria-prima

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Resinas plásticas devem ter reajuste de 13% em reais, segundo a Abiplast; aço pode subir 10% em novembro e alimentos, como café e trigo, cotados em dólar, têm reajustes encomendados

A disparada do dólar, que neste mês acumula alta de quase 16%, já começou a ter impacto nos preços em reais das matérias-primas. De resinas plásticas a alimentos, como trigo e café, a tendência é de elevação de preço.

O valor da tonelada do polietileno e do polipropileno, resinas usadas pelos fabricantes de embalagens alimentícias, produtos de higiene e limpeza, pela construção civil e pelas montadoras de veículos, está sendo reajustado, informa a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), que reúne transformadores da indústria plástica.

A tonelada de resina, que no início do mês estava em R$ 3 mil, subiu para R$ 3,2 mil no dia 15. Também foi sinalizado outro aumento de R$ 200 em 1.º de outubro, de acordo com a Abiplast. Com isso, em 15 dias, as resinas terão ficado 13,3% mais caras.

A Braskem, a única fabricante de resinas no País, nega o reajuste. "Não anunciamos preços de outubro, não existe aumento formalizado no mercado", diz Rui Chammas, vice-presidente da unidade de Polímeros da Braskem. Apesar de negar os aumentos, o executivo pondera que, se for confirmado um nível de câmbio mais elevado, esse fator será levado em conta na política de outubro. "Mas estamos longe do mês de outubro do ponto de vista comercial", frisa.

No caso do aço, se o dólar se consolidar no nível de R$ 1,80, os preços dos produtos siderúrgicos devem subir em reais entre 5% e 10% em novembro, calcula Cristiano da Cunha Freire, presidente da Frefer Metal Plus, distribuidora de produtos siderúrgicos. "Variou o dólar, o preço tende a mexer, não agora porque o estoque está alto."

Café da manhã. A pressão do dólar no orçamento pode estar mais perto do consumidor do que ele imagina, isto é, na primeira refeição do dia. "Com certeza o preço da farinha de trigo vai subir no mês que vem", afirma Luiz Martins, presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo, que representa os moinhos.

Ele explica que metade do trigo consumido no País é importado e, com o dólar mais alto, os moinhos terão de desembolsar mais pelo grão, cotado em dólar na Bolsa de Chicago. O aumento do preço da farinha de trigo certamente deve ter impacto no preço do pãozinho.

O café é outro alimento que também já tem aumento de preço encomendado. "Com a mudança do patamar do câmbio, o preço do pó de café deve subir em 3% e 4% em dez dias", calcula Guilherme Braga, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, que representa 90% das exportações de café.

Braga pondera que o principal efeito da disparada do câmbio recai sobre os preços domésticos do produto, uma vez que a conjuntura internacional desfavorável para as economias desenvolvidas pesa negativamente sobre os preços em dólar.

Como a mudança do câmbio é recente, os supermercados ainda não reajustaram preços, observa o diretor de Economia da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Martinho Paiva Moreira. Na opinião do empresário, o maior problema do setor deve ser enfrentado em outubro e novembro, quando começam a ser desembaraçadas as importações de alimentos e bebidas para o Natal, feitas com um câmbio de R$ 1,60 e que serão nacionalizadas com dólar maior.

Salomão Quadros, coordenador dos IGPs da FGV, diz ainda não tem dados que indiquem pressão do câmbio nos preços. "Mas acho que terá impacto."


Veículo: O Estado de S.Paulo





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