Empresas exportadoras abandonam o ramo

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Além dos resultados em divisas, a exportação deve ser examinada como ramo de negócio. E, no Brasil, não tem tido muito sucesso. Nos últimos cinco anos, enquanto 1,7 mil empresas deixavam de exportar, outras 11,2 mil passaram a importar. Abandonam a exportação, em especial, pequenas empresas, para as quais de pouco valem os estímulos oficiais.

Em junho de 2007, segundo o MDIC, havia 16,9 mil exportadores - número hoje inferior a 15,2 mil. No mesmo período, o número de importadores já superava 42 mil, em 2011.

Há um ano, o MDIC começou a discutir com o setor privado o Plano Nacional de Cultura Exportadora 2012/2015. Tratado pela secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, como "um exercício inédito para que os Estados aumentem suas exportações", o plano será relançado para fortalecer as exportações de manufaturados e do agronegócio.

A fuga de exportadores deve-se menos à falta de cultura exportadora e mais à falta de competitividade das empresas. Não basta dar cursos de exportação, capacitação e treinamento. Milhares de produtos brasileiros poderiam ser comercializados se as empresas não estivessem sujeitas à miríade de obstáculos originados na área estatal.

Carga fiscal excessiva sobre emprego e produção, infraestrutura deficiente, energia cara, necessidade de atender a exigências burocráticas absurdas, juros ainda altos, escassez de financiamento a custo baixo e retenção de créditos fiscais estão entre os problemas. Assim, é baixíssima a classificação brasileira no Índice de Competitividade Global, do World Economic Forum (53.º lugar) e no Doing Business, do Banco Mundial (126.º).

A desvalorização do real ante o dólar - de 8,5%, em 2011, mais 9,6%, no ano (até 31/7) - nem assegurou aumento das exportações nem reduziu as importações.

A crise global restringiu o acesso do Brasil aos mercados externos. Em 2011, as exportações cresceram 11,4% e as importações, 24,6%. Nos primeiros sete meses de 2011 e 2012, as exportações caíram 1,7% e as importações aumentaram 3,1%. Não fossem as restrições internas, cuja redução depende da ação do Estado, a situação dos exportadores seria melhor.

A balança comercial, segundo o último Boletim Focus do BC, terá desempenho cadente neste e nos próximos anos. Mas o governo não parece atento ao custo de sair do mercado para as exportadoras e para o País, que não pode prescindir das vendas externas para cobrir e financiar o crescente déficit em contas correntes.



Veículo: O Estado de S.Paulo


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