Inflação em SP fica abaixo das expectativas

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A inflação aquém da esperada para a cidade de São Paulo em julho não alterou as expectativas dos economistas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do período. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), apurado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), subiu 0,13% no mês passado, ficando abaixo das projeções da própria instituição, que estimava alta de 0,21% para o indicador no período.

Embora São Paulo contribua com cerca de um terço do IPCA, o resultado não influenciou as projeções dos economistas consultados pelo Valor para o indicador oficial de inflação. "Um índice não serve para antecipar o outro. Eles apresentam metodologias diferentes e os locais e as datas de coleta não são os mesmos, o que gera resultados distintos", explica Francisco Pessoa, economista da LCA Consultores, que projeta alta de 0,42% para o IPCA em julho. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o indicador na próxima semana.

Thiago Curado, da Tendências Consultoria, ressalta que no longo prazo os indicadores costumam andar em linha, mas no curto prazo é natural haver descolamentos. "O IPC-Fipe nos indica, por exemplo, que a pressão dos alimentos in natura já começa a se dissipar, mas provavelmente ainda não veremos isso no IPCA de julho. Talvez apareça no de agosto."

Mesmo cedendo (de 1,03% em junho para 0,53% em julho), o grupo alimentação foi o que mais pressionou o IPC-Fipe no mês passado, com os produtos in natura subindo 3,3%, após a alta de 5,1% em junho. Para Curado, os alimentos também serão a principal fonte de pressão sobre o IPCA de julho, mas, ao contrário do que se viu no IPC-Fipe, a expectativa é de aceleração frente ao mês anterior. Pelos seus cálculos, o grupo alimentos e bebidas, que subiu 0,68% em junho, deverá ter a alta intensificada para 0,96% em julho. Com isso, a expectativa é de que o IPCA tenha avançado 0,37% no mês passado.

A recente valorização das commodities no mercado internacional já começou a ser captada pelo IPC-Fipe. Pães, biscoitos e óleos já incorporam as altas nos preços da soja, do milho e do trigo nas últimas semanas. "Os grãos devem promover uma retomada da aceleração dos alimentos", avalia o coordenador do IPC-Fipe, Rafael Costa Lima. Por ora, as carnes, que estão em deflação, ajudam a amenizar as pressões sobre os alimentos. Mas esse cenário, segundo Lima, vai mudar. "Com a chegada do período de seca, os criadores passarão a confinar o gado, trocando o pasto pela ração. A alta dos grãos vai impactar o preço da ração e esse custo vai ser repassado ao consumidor", diz. "Só não sabemos ainda quando isso vai acontecer e qual será a intensidade do aumento de preços."

A inflação em São Paulo, na avaliação da Fipe, continuará sendo puxada pelos alimentos em agosto. A estimativa é de elevação de 0,23% no IPC-Fipe neste mês, com os alimentos aumentando 0,71% no período. Outra categoria de despesa que também deve pesar mais no bolso do consumidor neste mês é habitação, com um esperado aumento em energia elétrica. Em julho, o grupo habitação avançou 0,09% e a perspectiva para agosto é de alta de 0,19%.



Veículo: Valor Econômico


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