Preocupação com piora da economia e nível de endividamento levarão consumidores a reduzir gastos, mostra pesquisa da CNI
Os últimos doze meses foram positivos financeiramente para as famílias brasileiras. A renda familiar de 87% da população permaneceu estável ou registrou aumento no último ano, segundo a pesquisa ‘Retratos da Sociedade Brasileira: Hábitos de Consumo e Endividamento’, divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Ibope.
Ainda segundo o estudo, para 86% dos entrevistados a situação financeira deve encerrar 2012 igual ou melhor que no ano passado. No entanto, a queda nas projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) durante o ano—sob rumores de crise internacional e mau desempenho da indústria — influenciaram negativamente os entrevistados em relação ao consumo. De acordo com a pesquisa, 60% pretendem reduzir suas despesas porque temem uma retração da economia neste ano. “O consumidor está mais cauteloso e deve permanecer assim em 2013”, afirma Renato da Fonseca, gerente de pesquisas da CNI.
Embora o consumo continue com taxas de crescimento, ele observa que o setor vem perdendo ritmo no país desde 2007. “De qualquer forma, as pessoas não deixarão de comprar no Natal, que sempre acaba surpreendendo o varejo”, pondera ele.Entre as despesas com serviços, revela o levantamento, os primeiros gastos a serem eliminados são em lazer, viagens e hobbies pessoais.
O nível de endividamento dos consumidores, por outro lado, contribui para o seu receio em ir às compras. Ao todo,41%dos entrevistados possui dívidas. Destes, 85%afirmam ter alguma dificuldade para pagar os débitos, enquanto42% admitem já ter alcançado o limite de comprometimento da renda. Para Fonseca, o índice de endividamento “não é muito alto”, mas o fato da maior parte dos endividados deverem aos bancos “pode preocupar”.
“É importante que os consumidores reconheçam seu limite”, diz ele, “e a preferência por compras a vista é outro sinal de cautela”. Para 55% dos entrevistados a melhor opção de compra é a vista, evitando o pagamento de juros. Já 69% concordam que “mais importante que os juros cobrados ou os prazos, é a prestação caber no bolso”.
Consumo e dívidas também dividem as contas dos brasileiros após o recebimento de um bônus equivalente ao salário — como o 13º salário. De acordo com 54% dos entrevistados, o destino da nova renda seria o pagamento de dívidas e um depósito na poupança. “O consumo depende da renda, e esta do aumento de investimentos na economia, que ainda é duvidoso ano que vem”, conclui Fonseca.
Veículo: Brasil Econômico