Estudo vê alta do protecionismo; Brasil é o mais equilibrado no G-20

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O protecionismo está aumentando, com governos ao redor do mundo impondo um número cada vez maior de medidas em favor de produtores locais e contra concorrentes estrangeiros, concluiu uma organização independente.

A Global Trade Alert, que monitora políticas que afetam o comércio internacional, afirmou num relatório que o número de medidas protecionistas implementadas entre outubro de 2012 e março deste ano foi o maior desde o início da crise financeira, em 2008.

O estudo, divulgado às vésperas da reunião da próxima semana de líderes do G-8 (grupo que reúne sete economias ricas mais a Rússia), diz ainda que essas medidas foram concebidas de modo a dificultar a sua identificação, ao contrário de disputas públicas, como entre União Europeia e China em torno de painéis solares e vinho.

"Desavenças públicas, como a recente disputa comercial entre a China e a UE, são exceção", disse Simon Evenett, professor de economia da Universidade de St. Gallen, na Suíça, e coordenador da Global Trade Alert. "A maior parte do protecionismo recente vem sendo praticada de forma dissimulada e não é por isso que passa a ser menos grave", disse ele.

A GTA informou que o número de medidas protecionistas foi o triplo do número de medidas liberalizantes no período de 12 meses até maio. "Os últimos 12 meses viram um amplo e discreto atentado às condições de igualdade concorrencial. Governos rotineiramente procuram maneiras de favorecer interesses internos sem despertar a ira de parceiros comerciais."

Quando os líderes do G-8 se encontraram pela última vez - em Camp David, nos EUA, em maio de 2012 - eles afirmaram que iriam "honrar nosso compromisso de evitar medidas protecionistas". Os governantes provavelmente vão repetir a promessa quando se reunirem na Irlanda do Norte, em 17 e 18 de junho. Fazem parte do G-8 Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia.

Segundo a GTA, os países do G-8 foram responsáveis por 30% de todas as medidas protecionistas impostas no período. "O G-8 deveria ir além de fazer comentários sobre resistir ao protecionismo e lançar uma iniciativa para reverter o protecionismo", disse Evenett.

O Brasil aparece em décimo na lista dos países com maior número de medidas protecionistas impostas desde novembro de 2008, com 80 medidas. A Argentina ocupa a terceira posição, com 185.

Mas, segundo o relatório, o Brasil implementou tantas medidas liberalizantes que, considerando todas as medidas, ele ocupa a última posição entre os países do G-20 em termos de protecionismo nesse período. Por essa ponderação, a Argentina está em primeiro lugar.

Aumentos diretos de tarifas de importação e medidas de proteção comercial responderam por menos de 40% de todas as medidas protecionistas aferidas pela GTA. Elas são menos preferidas pelos governos pois geralmente violam as regras monitoradas pela Organização Mundial do Comércio.

As medidas de proteção comercial combatem o dumping (venda de produtos abaixo do custo), os subsídios e surtos de importação de bens específicos.

Entre as medidas que o GTA considera difícil de identificar estão o socorro dos governos a certos setores, visto como protecionismo, e subsídios a produtores locais.

As medidas protecionistas afetam os próprios países do G-8, pois mais da metade das ações registradas no período foram nocivas a ao menos um membro do grupo.

A vítima mais frequente de medidas protecionistas é a China. Seus interesses foram atingidos quase mil vezes desde novembro de 2008, contra 800 medidas contra os EUA, diz o relatório da GTA.



Veículo: Valor Econômico


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