Tesouro volta a render acima de 10%

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Com Selic em alta para conter inflação, remuneração de dois dígitos dos títulos públicos é retomada após um ano

Retorno varia conforme o tipo de título e o vencimento do papel; revenda antes do prazo pode reduzir ganho

DANIELLE BRANT COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Depois de um ano, os títulos públicos vendidos via internet --modalidade chamada de Tesouro Direto-- voltaram a oferecer ao investidor remuneração acima de 10%.

Os ganhos haviam caído devido à política de corte de juros do governo. É que o desempenho dos papéis acompanha o juro básico, a taxa Selic, que, em outubro de 2012, chegou a 7,25% ao ano, a mínima histórica e que durou até abril deste ano.

Com a retomada dos aumentos da Selic para conter a inflação --os juros subiram gradativamente até os atuais 8% ao ano e há perspectiva de mais elevação nos próximos meses--, os títulos do Tesouro Direto voltaram a render dois dígitos.

Entre os papéis prefixados, cuja rentabilidade é definida no momento da compra, a chamada NTN-F (Nota do Tesouro Nacional Série F --veja glossário nesta página) com vencimento em 2023 oferecia rendimento de 10,75% ao ano, para quem comprava na última sexta-feira.

Esse patamar não era alcançado desde junho de 2012.

A LTN (Letra do Tesouro Nacional) com vencimento em 2016 pagava juros de 10,29% ao ano aos investidores na última sexta-feira, retomando o nível de abril do ano passado.

Os títulos pós-fixados, cujo ganho é corrigido por algum índice (como o IPCA, que mede a inflação oficial), também estão mais atraentes do que há um ano.

A NTN-B Principal (Nota do Tesouro Nacional Série B Principal), mais procurada pelos investidores, oferece juros reais (descontada a inflação do período) de 5,3% ao ano no caso do papel com vencimento em 2035.

PERSPECTIVAS

Na avaliação de especialistas, o nível de rendimento dos títulos públicos não deve subir muito além do atual no curto prazo porque a taxa Selic, embora em tendência de alta, não deve voltar a patamares de anos anteriores, em dois dígitos.

Estimativas de economistas consultados na última pesquisa do Banco Central apontam o juro básico em 8,75% ao ano no fim de 2013 até dezembro de 2014.

"O fato é que a renda fixa não rende mais o que rendia no passado. Nos últimos meses, a maioria dos investimentos de renda fixa perdeu para a inflação. É preciso garimpar por rentabilidade", diz Aline Rabelo, coordenadora do Investmania, rede social de investidores.

CUIDADOS


É importante destacar que, no caso do título prefixado, cujo desempenho é estabelecido no momento da aquisição, o investidor que compra o papel agora deixa de aproveitar o cenário de aumento de juros no futuro.

O aplicador pode ainda perder dinheiro se vender o papel antes do vencimento.

Isso porque, nessa negociação, é feito um desconto definido em razão da Selic do momento. Ou seja, quanto mais alta a Selic, maior será o desconto no preço do título na venda antes do prazo.



Veículo: Folha de S.Paulo


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