A classe C brasileira quer consumir mais, não poupa, mas exige estabilidade econômica para colocar seus planos em prática, segundo pesquisa encomendada pela agência de publicidade McCann Erickson e divulgado ontem.
O estudo é resultado de mil questionários aplicados nas cidades de São Paulo, Rio, Recife, Porto Alegre e Goiânia em casais com renda mensal entre R$ 1.000 e R$ 2.000. A faixa etária pesquisada foi de 20 a 65 anos - 50% homens e 50% mulheres. Conforme a pesquisa, a classe C identifica diferenças de consumo entre sua classe, pobres, classe média alta e ricos, e aponta sentimento de exclusão, não quanto ao financeiro, mas ao comportamental. "O desejo prioritário da classe C é hoje consumir sem preocupação e aprender a se comportar como classe média", explicou Aloísio Pinto, vice-presidente da McCann Erickson.
Segundo o levantamento, 47% dos entrevistados se identifica como classe média baixa. "Têm a necessidade de priorizar os gastos, carregam sempre alguma pendência financeira, mas não sofrem a falta de alimentos", diz Pinto. "É curioso perceber que a classe C deseja consumir mais, mas não demonstra a preocupação em mudar de classe."
Quanto a fazer poupança, apenas 38% dos entrevistados disseram que têm esse hábito. Conforme a pesquisa, o hábito de poupar está diretamente ligado à faixa etária na classe C. Os mais velhos tendem a poupar mais. "Ainda assim, 45% das pessoas afirmaram utilizar a poupança como se fosse uma conta corrente, muitas vezes sacando o valor total para os gastos mensais. O contingente dos que não possuem conta corrente ultrapassa a casa dos 30%."
Quando o tema é projeto de vida, estabilidade econômica é o item que aparece com mais força: 82% dos entrevistados afirmam ser prioridade e que nem sempre ela está associada ao trabalho formal. "Trocar a mobília da casa, reservar quantias maiores para o lazer da família e custear o ensino superior dos filhos também ocupam o topo dessa lista", informa o estudo. Entre os sonhos de consumo, da classe C, a compra do carro (de preferência zero quilômetro) é um projeto futuro para a metade dos avaliados.
Quanto ao acesso à crédito, 45% prefere recorrer a pessoas próximas e não a instituições financeiras, apesar de 47% afirmarem já terem feito empréstimos bancários. Cerca de 80% dos entrevistados afirmou que sente vergonha de pedir dinheiro emprestado e 91% apontam a burocracia como principal problema na obtenção do crédito.
Veículo: Valor Econômico