As relações bilaterais entre o Brasil e o Japão foram distanciadas em decorrência da estagnação econômica dos dois países. Contudo, o País aparece perante as demais nações como uma grande potência, ao contribuir com aumento no desenvolvimento financeiro e cria uma oportunidade de despertar no Japão um novo interesse pelo mercado nacional.
Resultado da pesquisa realizada com as 600 principais empresas japonesas do setor produtivo pelo Banco do Japão para a Cooperação Internacional mostrou que o Brasil ocupa a sexta posição, ultrapassando os Estados Unidos, entre os países com perspectivas para investimentos japoneses nos próximos anos.
"Considerando um investimento a longo prazo, sobe para a quarta, ficando atrás da China, Índia e Rússia; mas na frente dos Estados Unidos e dos países do leste asiático, que por muitos anos eram os principais destinos dos investimentos japoneses", explicou o embaixador do Japão no Brasil, Ken Shimanouchi.
Shimanouchi aponta ainda que "os nossos dois países avançam para os chamados setores de ponta para liderar o mundo, fazendo interagir o capital, a tecnologia, os recursos naturais, e também o mercado. E, nesse novo formato de desenvolvimento, quero enfatizar a tecnologia como palavra-chave para o futuro do nosso relacionamento".
Entre os principais projetos que ligam os dois países estão o desenvolvimento conjunto da tecnologia de comunicação, ou seja, o desenvolvimento e difusão da rede de telefonias celulares da próxima geração e também o projeto do trem de alta velocidade do Japão entre os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. "O objetivo é colocar à disposição, imagens de alta definição nos telefones celulares dos brasileiros. E o outro projeto visa o transporte de um maior número de pessoas, duas vezes mais rápido e com grande segurança", frisou.
Para o próximo ano, o embaixador argumenta que apesar de toda essa boa perspectiva, as duas economias não estão imunes aos efeitos da crise que ora assola o mundo. No entanto, a desaceleração do crescimento global não diminui o interesse do Japão pelo Brasil. Pelo contrário, vem se intensificando cada vez mais.
"Não podemos negar que as empresas japonesas que atuam no Brasil enfrentam dificuldades, com a retração prolongada das economias dos Estados Unidos e da Europa, muitas empresas japonesas apostam na rápida recuperação brasileira."
"Outro fator que faz aumentar a importância do Brasil é a sua posição como primeiro fornecedor do mundo de muitos produtos; e de ser um dos maiores abastecedores de outros recursos. O preço dessas matérias-primas que sofre oscilações, tenderá a subir, já que, a longo prazo, está evidente o aumento da demanda no mundo todo. Isso coloca o Brasil em situação favorável, diante dos países potentes do BRIC como a Índia e a China", declarou.
De acordo com o embaixador, os japoneses estão contribuindo ao maior dinamismo da economia brasileira e abrindo as portas para uma nova parceria bilateral. "A responsável macroeconomia e estabilidade política brasileira fazem com que o País seja a estrela do momento dentre os países emergentes , atraindo a atenção do mundo todo, inclusive do Japão", ressaltou.
Segundo o representante japonês, nos últimos anos, multiplicou o número de japoneses, tanto do setor privado como do governo, que visitou o Brasil. Isto faz incrementar os negócios com o Brasil nos meios público e privado. Em 2008, o investimento japonês ao Brasil multiplicou em mais de oito vezes, somando US$ 4,1 bilhões. Isso representa 10% de todos os investimentos estrangeiros no Brasil. O comércio exterior registrou no ano passado um aumento de mais de 45%, em comparação ao ano anterior.
As informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic) apontam que a corrente de comércio entre janeiro e agosto de 2008 atingiu US$ 8,173 bilhões, enquanto em 2007 foram apresentados US$ 5,839 bilhões e em 2009, com a crise financeira mundial, somam-se US$ 6,227 bilhões, no mesmo período analisado.
Assim, o Japão deverá continuar com os vários projetos em andamento no Brasil, e outros novos projetos também estão em estudo, apontou o embaixador.
Veículo: DCI