Em agosto, despesa média atingiu R$ 166, o maior valor registrado este ano até agora
A confiança dos consumidores nos rumos da economia também apresenta reflexos no uso do cartão de crédito. Em agosto, a despesa média por cartão foi de R$ 166. Trata-se do maior valor em 11 meses do período de 12 meses encerrados em agosto. Só é inferior a dezembro, quando o gasto médio foi de R$ 190 por conta do Natal, principal data comercial.
Frederico Turolla, professor de Economia da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), afirma que os números, compilados pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), mostra que os consumidores vislumbram um futuro econômico melhor e, na confiança, consomem mais. “A média de R$ 166 é alta mesmo para um mês de agosto”, avalia.
Na opinião de Turolla o aumento deve ser comemorado porque indica uma retomada da atividade econômica, mas o consumidor precisa ter muito cuidado ao planejar o uso do ‘dinheiro de plástico’. Ele recomenda que o parcelamento sem juros pode ser uma boa alternativa de compra, mas se a operação previr juros, o melhor é pesquisar uma linha de crédito mais barata, como crédito consignado ou empréstimo pessoal.
Keyler Carvalho Rocha, professor do Laboratório de Finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA), acredita que o crescimento dos gastos no cartão de crédito está relacionado a uma lista de fatores, da qual a recuperação da economia e da confiança é apenas parte.
Segundo ele, a crise econômica que aportou por aqui em setembro do ano passado fez com que muita gente deixasse de consumir. Rocha ressalta que, apesar do fôlego para a economia, o crédito bancário continua difícil por causa da rigidez na concessão. Em contrapartida, o mercado tem cada vez mais ofertas de cartões com vantagens que vão de sorteios a pontos para troca por produtos e passagens aéreas.
“Muita gente prefere pagar com cartões a fim de obter pontos para ganhar os benefícios oferecidos”, diz o professor.
Abuso
Rocha também alerta para o uso indiscriminado dos cartões de crédito. Segundo ele, a pessoa que achar que pode aumentar seu nível de consumo simplesmente porque possui o cartão vai enfrentar problemas. “Só compre o que for realmente necessário e aproveite o prazo máximo até o pagamento da fatura para, se possível, fazer o dinheiro render”, diz.
O professor da Fia recomenda que os consumidores nunca deixem de pagar o valor total da fatura no vencimento, sob pena arcar com juros altos.
De acordo com levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Contabilidade e Administração (Anefac), que considera dados até agosto, a taxa média permanece em 10,68% ao mês, a mais alta entre as linhas de crédito oferecidas pelas instituições financeiras.
“Quem estiver endividado no cartão deve tentar negociar uma linha de crédito mais barata, como crédito consignado ou empréstimo pessoal e liquidar a dívida”, recomenda Rocha.
RECOMENDAÇÕES
Compre apenas o que for estritamente necessário. Não use o cartão para aumentar seu nível de consumo
Aproveite o prazo que os cartões de crédito concedem para o pagamento da fatura e faça o dinheiro render
Fuja do parcelamento com juros. Neste caso, pesquise outras linhas de crédito com taxas mais em conta, como crédito pessoal ou consignado
No vencimento, pague sempre o valor total da fatura
Veículo: Jornal da Tarde - SP