A Nestlé inaugurou ontem sua primeira fábrica própria para a produção de leites líquidos, os chamados UHT (Ultra High Temperature), em Araraquara, a cerca de 270 quilômetros da capital paulista, onde serão produzidos o leite premium com diferencial nutricional das marcas Ninho e Molico. Foram investidos no local aproximadamente R$ 120 milhões e a capacidade de produção é de 150 milhões de litros de leite por ano, com a geração de 1,6 mil empregos entre diretos e indiretos.
Como afirmou o presidente da Nestlé Brasil, Ivan Fábio Zurita, diante do enfraquecimento da bacia leiteira de Araraquara, com o crescimento das culturas cítricas e de cana-de-açúcar na região nos últimos anos, a companhia cogitou seriamente fechar sua fábrica inaugurada em Araraquara em 1946, a terceira das 30 unidades no País, onde tem produzido o leite condensado para o mercado interno e exportação e também o Moça Fiesta, voltado para o mercado doméstico. Depois de acordos com a Prefeitura do município e com o governo do Estado, decidiu-se, em agosto, não só a permanência da unidade, que ocupa área de 23 mil metros quadrados, como também, a instalação da fábrica de leites líquidos em suas dependências. Até então, a companhia terceirizava sua produção.
"Desde abril deste ano, quando ingressamos no mercado de leites premium, percebemos seu enorme potencial. A inauguração da nova fábrica será um estímulo para se resgatar o potencial da bacia leiteira de Araraquara e região, que congrega 19 municípios", disse Zurita. Segundo ele, a ideia é buscar produtores locais, e para isso, a empresa, em parceria com a prefeitura, já iniciou um trabalho de coleta de dados dessas famílias. A intenção é desenvolver projetos de melhoria de produtividade e assegurar qualidade e sustentabilidade da atividade leiteira na região.
Segundo o presidente da Nestlé, em Araraquara existem 500 famílias assentadas, que poderão encontrar na produção de leite uma forma de garantir emprego e renda. "Ao contrário das atividades da laranja e da cana-de-açúcar, que exigem grandes extensões de terra, a cultura do leite é familiar, agregadora. E para nós não importa se o produtor nos oferecerá 400 litros ou 40 mil litros diários, desde que isso seja feito com critérios, e que haja uma logística satisfatória."
De acordo com Zurita, a cada três pontos percentuais que a empresa cresce, abre-se uma nova fábrica. "Neste ano deveremos crescer 10%. Já inauguramos a unidade de Araraquara, e na próxima semana será a vez de Carazinho (RS), onde também faremos leites líquidos, dentre outros produtos. Possivelmente, fecharemos 2009 com a abertura de uma terceira planta em lugar a ser estudado", afirmou Zurita.
Apesar da grande capacidade produtiva, atualmente, está em operação apenas uma linha que processa 7 mil litros diários e até o final de janeiro de 2010 deverá entrar em atividade a segunda linha, subindo a produção na unidade para cerca de 20 mil litros diários. Na fábrica de Araraquara se produz hoje 3,7 mil toneladas mensais de leites líquidos (Ninho e Molico), além de 35 toneladas/mês de leite condensado Moça e Moça Fiesta. A cada quilo de produto final utiliza-se, em média, três litros de leite.
De acordo com o presidente, a nova unidade conta com equipamentos de última geração para o envasamento dos produtos, conceitos inovadores de coleta, manuseio e processamento de matérias-primas. Segundo Zurita, a fábrica segue diretrizes mundiais do Grupo sobre respeito ao meio ambiente.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ