Os produtores do Paraná reclamam, os parlamentares repercutem a cobrança, mas o governo afirma que tem prestado a devida ajuda à comercialização da safra nacional de trigo. Em uma blitz sobre o Ministério da Agricultura, dirigentes do segmento disseram que os produtores não conseguem honrar compromissos porque os preços estão abaixo do mínimo garantido pelo governo. E cobram ações, como a realização de compras diretas (AGF).
"Se algum dia sonhamos com a autossuficiência, o sonho agora está mais distante, virou pesadelo", afirmou o deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR). O governo defende sua atuação ao informar ter feito leilões de equalização de preços (PEP) para 531 mil toneladas no Paraná até agora e que lançará hoje o edital para amparar mais 170 mil toneladas.
O prêmio nessas operações oficiais tem sido de R$ 94 por tonelada no Sul. E o preço mínimo do trigo de melhor qualidade chega a R$ 530 por tonelada. Mas a qualidade é o principal entrave, já que as fortes chuvas no Paraná pouparam só um terço da produção. O restante tem sido de trigo com muitos problemas.
Até 17 de dezembro, o governo fará outros quatro leilões, o que deve elevar a intervenção a 1,8 milhão de toneladas de trigo. Até agora, foram gastos R$ 125 milhões, mas o caixa do governo suportaria até R$ 230 milhões com a política para o trigo.
O presidente da federação paranaense de Agricultura (Faep), Ágide Meneguete, cobrou "reforços" do ministro Reinhold Stephanes. O segmento quer garantia de preço mínimo de R$ 29,22 por saca de trigo "tipo pão" e de R$ 24,66 para "tipo brando", além de dinheiro para AGFs, manutenção dos leilões de PEP, liberação do seguro oficial (Proagro) e do seguro rural aos atingidos pelo clima. Também cobra avanço nas negociações no Mercosul para fixar limite de importação até 50% do consumo interno, além da aplicação de tarifas a terceiros.
Veículo: Valor Econômico