Em sua 3ª aquisição do ano, gaúcha Bom Gosto leva Cedrense

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Laticínios: Empresa poderá, a partir de agora, processar até 6 milhões de litros por dia de leite em 24 unidades

 

A Laticínios Bom Gosto, com sede em Tapejara, no Rio Grande do Sul, anunciou ontem a compra da Cedrense, de São José do Cedro, de Santa Catarina, com capacidade instalada de processamento de 550 mil litros de leite por dia em quatro unidades industriais nos três Estados da região Sul. A terceira aquisição do ano custou R$ 64 milhões e foi fechada depois de 20 dias de negociação, informou o presidente da empresa, Wilson Zanatta.

 

Desde julho de 2007 a Bom Gosto já havia comprado os laticínios mineiros DaMatta e Santa Rita, os gaúchos Corlac e Nutrilat, além das unidades da Nestlé em Barra Mansa (RJ) e da Parmalat em Garanhuns (PE), ambas absorvidas em 2009. Em novembro do ano passado a empresa também incorporou a paranaense Líder Alimentos numa operação de troca de ações.

 

As sete aquisições, incluindo a Cedrense, exigiram investimentos de R$ 232 milhões, em valores históricos, e agregaram 2,8 milhões de litros por dia à capacidade instalada da empresa, enquanto a Líder trouxe 1,5 milhão de litros/dia. Agora a Bom Gosto pode processar até 6 milhões de litros por dia em 24 unidades industriais nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do país, mas recebe dois terços desse volume, disse Zanatta.

 

O empresário prevê um faturamento de R$ 1,6 bilhão a R$ 1,7 bilhão em 2009, ante R$ 1,3 bilhão no ano passado, considerando a receita anual da Líder (ou R$ 800 milhões só em operações da Bom Gosto), enquanto para 2010 a projeção é chegar a R$ 2,3 bilhões. Já a captação de leite deve avançar de 960 milhões de litros em 2008 (incluindo a empresa paranaense) para 1,2 bilhão de litros neste ano.

 

De acordo com Zanatta, a Cedrense vai reforçar a atuação da Bom Gosto no segmento de queijos porque utiliza nessa linha 80% dos 500 mil litros de leite que recebe por dia de 4,1 mil produtores diretos e cooperativas. A nova controlada vende 80% da produção no Sul e o restante em São Paulo e no Rio de Janeiro, disse o empresário, que vai manter a marca adquirida no mercado.

 

Além de São José do Cedro, o laticínio catarinense tem plantas industriais em Anchieta (SC), Gaurama (RS) e Planalto (PR). Em Santa Catarina, tem ainda um projeto aprovado para uma nova unidade, com 500 mil litros/dia de capacidade de beneficiamento na cidade de Nova Itaberaba, que deverá ser posta em operação em dois anos com aportes estimados em R$ 30 milhões.

 

Conforme Zanatta, os investimentos da Bom Gosto em 2009 somarão R$ 200 milhões, metade em aquisições e metade em obras de modernização e expansão. A Cedrense será paga com geração própria de caixa, mas parte dos aportes será financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e linhas de longo prazo repassadas por outros bancos. O BNDESPar, braço de participações do BNDES, detém 33% do capital da empresa gaúcha.

 

Até o fim do ano a companhia vai emitir ainda um Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FDIC) no valor de R$ 70 milhões, numa operação estruturada pelo banco Itaú BBA. Em janeiro de 2010 será a vez da CRP Companhia de Participações, de Porto Alegre, aportar mais R$ 50 milhões e elevar sua participação no capital da empresa de 1,2% para cerca de 4%. Os planos de abertura de capital estão mantidos para 2011 ou 2012.

 

Nesta semana começou a operar também a nova linha em Tapejara, com capacidade de produção de 70,6 toneladas de leite em pó por dia a partir do processamento de 600 mil litros/dia de matéria-prima. A obra iniciou em fevereiro de 2008, custou mais de R$ 40 milhões e será habilitada para vender ao mercado externo, disse o empresário.

 

Os planos de expansão da Bom Gosto, que pretende chegar em 2012 com faturamento anual na faixa de R$ 3 bilhões, incluem novas aquisições, crescimento orgânico e o projeto para a construção da fábrica em San Jose de Mayo, no Uruguai, a 90 quilômetros de Montevidéu. A planta deve operar a partir do fim de 2011 com capacidade inicial de processamento de 400 mil litros/dia para produzir leite em pó para exportação e dois anos depois ela será ampliada para 1 milhão de litros/dia, com a introdução de uma linha de queijos.

 

A intenção de chegar ao Uruguai foi anunciada por Zanatta ainda em 2007, mas o projeto sofreu atrasos devido à necessidade da troca do terreno onde a fábrica será construída. A área anterior revelou não dispor de água subterrânea em quantidade suficiente para suportar a unidade e um novo terreno, de 100 hectares, na mesma cidade, teve que ser adquirido. Conforme o empresário, o processo de licenciamento ambiental começou a tramitar há cerca de dois meses.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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