Logística diferenciada envolve tráfego de cargas perigosas

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Na manhã de 30 de junho, um caminhão contendo uma carga química perigosa colidiu com dois veículos na altura do quilômetro 40 da Rodovia Imigrantes, sentido litoral. A batida provocou vazamento de material tóxico e fez algumas vítimas. O motorista desceu do caminhão para sinalizar o acidente, enquanto viaturas da Polícia Rodoviária Estadual, do Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo (Ipem), Corpo de Bombeiros, da Cetesb e da Ecovias-SP chegaram para socorrer os feridos e apurar os estragos. Esse procedimento seria real caso a cena toda não passasse de simulação. Promovida pela Ecovias-SP, a ação é feita duas vezes por ano e serve para avaliar o desempenho das equipes e treinar representantes de todos os órgãos envolvidos em casos de acidentes causados por transporte de cargas perigosas. "Também fazemos campanhas educativas e damos treinamentos para transportadoras", afirma Sidnei Torres, assessor de operações rodoviárias da Ecovias.
 

 

Parece que tem dado certo. As ocorrências caíram de 44 acidentes, em 2006, para 30 no ano passado, para um total de 1.200 caminhões com cargas perigosas trafegando por ali diariamente. Até agora, em 2008, 14 acidentes foram registrados, dos quais dois registraram vazamentos.
 

 

A preocupação da concessionária tem fundamento. Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Indústrias Químicas (Abiquim), a quantidade de acidentes com produtos químicos transportados pelas rodovias brasileiras aumentou 25% em 2007. "Para cada 10 mil viagens realizadas, em 2007, 2,5 ocorrências envolvendo cargas perigosas foram constatadas", afirma Antonio Rollo, coordenador da Comissão Executiva do Atuação Responsável, um dos programas desenvolvidos pela Abiquim para conscientizar, treinar e fiscalizar as transportadoras e empresas parcerias do ramo químico. Rollo estima que 60% das 46 milhões de toneladas de produtos químicos fabricados no país anualmente sejam transportados pelas rodovias. E que a média da idade da frota dos veículos usados com essa finalidade seja de 12 anos.
 

 

As inspeções e certificações de veículos transportadores de produtos químicos feitas pelo Ipem-SP também aumentaram do ano passado para cá. Em 2007, 3.433 caminhões a granel, levando produtos não embalados, foram fiscalizados. Desses, 1.116 foram autuados, em 146 operações realizadas em São Paulo. De janeiro a junho deste ano, 2.256 passaram pelo controle e 807 deles foram autuados. "Já fizemos 92 operações, mas pretendemos chegar a 200 até o fim do ano", afirma Antonio Lourenço Pancieri, superintendente do Ipem-SP.
 

 

Apesar dos danos ambientais às vezes irreparáveis que esses vazamentos podem causar quando próximos de mananciais, por exemplo, ainda não há um programa nacional privado para melhoria de condições de segurança de cargas perigosas, segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR). Ações de responsabilidade ambiental e civil específicas para cargas perigosas têm de partir de iniciativas das concessionárias e das empresas e associações de segmentos potencialmente problemáticos. Desde 1998, quando a Nova Dutra começou a administrar a rodovia que liga as duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro, um plano de atendimento de emergias especiais foi desenvolvido e a concessionária passou a fazer uma fiscalização conjunta junto da Polícia Rodoviária Federal. "De lá pra cá as irregularidades diminuíram muito enquanto as informações de ocorrências aumentaram, por conta da preocupação maior com os danos causados", afirma Sérgio Bologniesi, gerente da área de segurança e meio ambiente da Nova Dutra, onde cerca de 40 acidentes com cargas perigosas acontecem por ano.
 

 

Empresas como a DuPont, com atuação em 14 segmentos do ramo químico, estabelecem regras próprias para evitar problemas. As 25 transportadoras com as quais trabalha não permitem saídas de cargas das 22h às 5h, para evitar falhas de motoristas por cansaço físico, e atendimento de psicólogas em todos os pontos de embarque da companhia para atender motoristas. Eles também são treinados e transportam produtos específicos, de acordo com nível de experiência. As ações desenvolvidas pela empresa para evitar ocorrências e evitar custos de até R$ 4 milhões com remediação de danos ambientais fizeram com que os acidentes com essas cargas tivessem redução de 75% de 2006 para 2007, caindo de 22 para cinco.

 

 
Veículo: Valor Econômico


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