Executivos da rede francesa Casino têm vindo ao Brasil para conhecer modelo de operação do atacadista de autosserviço
O Grupo Pão de Açucar começa a amadurecer a ideia de levar sua rede Assai para o mercado internacional. A empresa deve fazer o movimento na esteira de redes concorrentes que já abriram unidades em países de economia pobre, mas em franco crescimento.
Segundo o vice-presidente comercial e de operações do Grupo Pão de Açúcar, José Roberto Tambasco, embora a internacionalização não seja uma decisão que caiba somente ao grupo nacional, há sinalização positiva dos sócios franceses da Casino, que detém 50% das ações do brasileiro. “Eles estão vindo conhecer o nosso modelo de negócio e estão muito interessados em nisso”, afirma Tambasco. “Percebemos que hoje há boas oportunidades na Asia, na África e até na própria França.”
O Assai temcomo foco clientes conhecidos como transformadores — jargão do setor para classificar padarias, pizzarias, bares e restaurantes. Esse segmento já é atendido por operações no exterior, com as quais o Casino mantém sociedade em outros países,mas isso não seria um impedimento para levar a bandeira Assai para fora.
Então por que até agora o projeto ainda não foi feito? É a pergunta que fica. “A principal questão discutida hoje se dá em torno de como o modelo brasileiro pode ser adaptado para esses mercados”, afirma Tambasco. Por enquanto, o executivo não pode precisar quando a expansão pode ser feita. “Ainda não há previsão para este movimento”, afirma.
Potencial da Ásia e África
Mas diante do movimento de concorrentes, a expansão não deve demorar muito. A internacionalização das empresas do setor de atacarejo do Brasil pode ser considerada uma tendência entre as empresas nacionais, embora a iniciativa seja ainda recente.
Em 2009, o Walmart levou para a Índia seu modelo de atacarejo do Maxxi, em joint venture com o grupo local Bharti Enterprises. A unidade está instalada na cidade de Amritsar, localizada no estado de Punjab, perto da fronteira como Paquistão. O potencial é enorme para o atacado, por conta da quantidade de pequenos varejistas do país que ainda atraem a preferência dos consumidores locais.
Um estrutura similar é encontrada na África. A rede de atacarejo Tenda Alimentos saiu na frente e abriu uma operação no mesmo modelo chamada de Angola Alimenta.
Oportunidades
Angola tambémé foco de outras duas empresas do setor de atacarejo, segundo Gilberto Lima, coordenador de imageme acesso
a mercados da Agência Brasileira de Promoção de Investimentos e Exportações (Apex-Brasil). Seu nome é mantido em sigilo. “As empresas estão em fase inicial de negociação para a entrada no país”, afirma Lima. “Por isso ainda é prematuro para falar delas.”
Segundo ele, o interesse dessas empresas está na abertura de centros de distribuição como passo inicial para a expansão. É que uma das iniciativas do governo angolano, hoje em andamento, está no apoio à criação de uma rede de pequeno varejo chamada Poupa Mais. O projeto faz parte do processo de reconstrução do país depois de anos de guerra civil e que desorganizou o sistema varejista. “O potencial está no desenvolvimento do consumo local”, diz Lima.
Embora Angola conte com a rede de varejo de porte médio Nosso Super, esta operação ainda não é suficiente para atender uma grande parte do povo, acostumado a comprar na rua. “É comum, no país, comerciantes venderem produtos a granel nas ruas”, diz Lima.
No Brasil, prioridade para Nordeste e Centro-Oeste
Atacadista chega a Palmas, no Tocantins, associada ao Extra, dentro de novo conceito de Power Center do Pão de Açúcar
O Grupo Pão de Açúcar prioriza o Nordeste e o Centro-Oeste como foco de expansão da bandeira Assai. Depois de entrar em Fortaleza, no Ceará, no ano passado, a rede de atacado inaugurou ontem nova operação em Palmas, no Tocantins, associada ao supermercado Extra. É o conceito conhecido como Power Center, já existente em São Paulo (capital) e em Campinas.
Segundo o vice-presidente comercial e de operações do grupo, José Roberto Tambasco, há planos para a entrada no Recife neste ano, porémnemonúmero de lojas, nem os investimentos para tal fim estão definidos. “Não é por falta de dinheiro, mas é que precisamos ter pontos para comprar, o que leva um certo tempo para escolher”, afirma Tambasco.
O movimento pode ser tanto no modelo de Power Center como apenas da bandeira Assai. Tudo depende das oportunidades de cada mercado e dos terrenos adquiridos para construção. Ofato é que as metas de abertura de unidades serão ainda maiores do que as realizadasno ano passado.
O grupo dobrou o tamanho do Assai abrindo 12 lojas desde que adquiriu a bandeira, em2007. Ele acredita que ainda há espaço para a rede crescer em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde há apenas sete unidades. ■ R.B.N.
Veículo: Brasil Econômico