Briga por mais espaço faz com que atacadistas busquem novos nichos

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Considerada a maior rede de atacado de "autosserviços" do País, com 73 lojas espalhadas por 25 estados brasileiros e faturamento de R$ 5 bilhões (dado mais recente), o Makro está estudando ampliar a sua estratégia de negócios. Segundo fontes do mercado, um desses planos poderia envolver uma parceria com a CCP, braço de aluguel de imóveis comerciais da Cyrela, para a entrada no ramo de shopping centers, aumentando ainda mais a disputa no segmento de malls no País.

 

A rede nega, mas fontes ligadas às empresas dizem que o Makro manterá as operações integradas ao empreendimento. Ou seja, a ideia é aproveitar os terrenos de parte das lojas da atacadista para a construção de centros de compras, o que já acontece no setor supermercadista, que possui áreas locadas junto às operações de varejo da empresa.

 

De acordo com o professor Nuno Fouto, do Programa de Administração do Varejo (Provar), caso se concretize o possível interesse da rede de entrar no setor de shoppings, ele seria justificado pelo crescimento do setor somado à falta de terrenos para construção de grandes empreendimentos. "Os atacadistas trabalham em áreas grandes, tanto lojas como estacionamentos. Eles podem otimizar metro quadrado e oferecer outros serviços", diz.

 

Segundo Fouto, a possibilidade de construção de malls nos terrenos do Makro pode reforçar o posicionamento da empresa de se aproximar dos consumidores "pessoas físicas", como fazem as lojas de atacarejo -que vendem tanto no atacado como no varejo-, como Assai, Sam's Club e Atacadão. "Se eles oferecem mais opções podem atrair mais gente para as lojas", diz o professor. "O que a rede está fazendo é acompanhar o consumidor."

 

O professor também ressalta que as lojas do Makro estão localizadas em pontos de fluxo considerados ideais para o negócio de shopping center. "São lojas bem localizadas, principalmente neste momento de falta de terrenos e preços altos no setor imobiliário. Com isso eles também otimizam custos, porque construir dentro da área deles é mais barato do que comprar outra área para fazer o shopping."

 

Supermercados

 

Somada a área bruta locável (ABL) das três maiores redes de supermercados, as empresas figurariam entre as 10 maiores cadeias de shopping centers do País. O Carrefour possui 213 mil metros quadrados de ABL, se se considerarem os 160 hipermercados. A varejista também é dona do Butantã Shopping, em São Paulo, que conta com 16 mil metros de área. Já o Grupo Pão de Açúcar (GPA), líder do ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), tem 150 mil metros de área locável, incluindo espaços alugados a grandes varejistas, como Casa e Construção (C&C).

 

No Carrefour, a aproximação com os shoppings fica mais evidente com a parceria entre a rede e a Inovação Cinemas, empresa que vai operar salas de cinema em locais com poucas opções de lazer. O projeto deve começar ainda neste ano na loja do bairro do Limão, em São Paulo, e na periferia do Rio de Janeiro. Outras unidades do grupo também podem ter cinemas. Ano passado a varejista firmou parceria com a BioRitmo, rede de academias de ginástica.

 

Outra que aposta na mudança é o GPA, que já tem na loja do Extra da Anchieta, em São Paulo, salas da rede Cinemark, um boliche e um outlet da Nike. O interesse do Pão de Açúcar por este segmento fez com que o grupo recentemente criasse uma empresa para administrar seus imóveis: GPA Properties & Malls.

 

Concorrência

 

Para o professor do Provar, a competição cada vez mais acirrada no varejo alimentar e o avanço dos grandes grupos supermercadistas para alcançar o público transformador e pequenos comerciantes, força empresas do setor a mudar estratégias e sair do escopo dos concorrentes. "Nessa área existe uma competição muito forte, principalmente com o Sam's Club, clube de compras do Walmart que tem oferecido preços baixos na disputa das redes. As mudanças nas redes mostram que, no mercado de hoje todo mundo precisa se adaptar."

 

A reportagem procurou o Makro e a CCP, mas ambas negaram que tenham em andamento qualquer negociação para mudar o modelo de negócios de autosserviço da atacadista. Em nota, o Makro afirmou estar surpreso. "A empresa nega a existência de qualquer negociação em curso com a CCP, divisão de empreendimentos comerciais da Cyrela, ou com qualquer outra empresa deste setor. O Makro reafirma a manutenção de sua estratégia de crescimento e sua filosofia de negócio que alçou a companhia ao posto de liderança no mercado atacadista de autosserviço no Brasil", declarou.

 

Enquanto atacado e varejo brigam para conquistar mais consumidores, a rede Walmart Brasil aposta no comércio eletrônico (e-commerce). Sua loja virtual vai investir na comercialização de livros, segmento tradicionalmente dominado pela B2W, dona da Americanas.com e do Submarino.com. Em funcionamento há três meses, a loja virtual da varejista já dobrou o número de títulos disponíveis para atender aos leitores com títulos de temas diversos.

 

"Estamos felizes em afirmar que todas as categorias do nosso e-commerce têm desempenho superior ao esperado, incluindo a de livros", diz Flávio Dias, diretor do Walmart.com.br. "Estamos no início, mas contamos com uma equipe com expertise em títulos."

 

Segundo Dias, a ideia da empresa é ter na loja virtual produtos exclusivos, como a edição autografada do livro 'Maurício de Sousa por 50 Artistas', obra em que 50 grandes nomes dos quadrinhos, incluindo Ziraldo, Angeli, Laerte e outros, recriam o universo dos personagens da Turma da Mônica para homenagear os 50 anos de carreira do cartunista.

 

O Cade recebeu ontem dos advogados da Votorantim a proposta de assinatura de acordo de preservação da reversibilidade da operação de compra de participação na Cimpor.

 


Veículo: DCI


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