Apetite chinês pelo açúcar sustenta preço e exportações

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Um déficit de açúcar na China deve dar novo fôlego às cotações da commodity e abrir uma nova janela de oportunidade para os exportadores brasileiros. Um relatório previu que na China, o segundo maior consumidor mundial de açúcar depois da Índia, haverá uma queda na produção, da ordem de 10,6 milhões de toneladas, segundo o Guangxi Bulk Sugar Exchange Center.

 

A demanda de açúcar no gigante asiático pode exceder a produção em 3,3 milhões de toneladas e, apesar de ter 2,1 milhões de toneladas estocadas, o aumento do consumo deverá resultar em uma defasagem de mais de 2 milhões de toneladas este ano. A quebra de safra se deve a problemas climáticos que, desde setembro, reduziram a produção na região sul do país.

 

A necessidade de importação da China pode ser ainda maior que o esperado já que o governo local pode optar por não vender todo o estoque por se tratar de uma reserva nacional estratégica.

 

Segundo Mick Pitts, diretor de vendas da commodity do National Australia Bank Ltd, as reservas chinesas seriam suficientes até o segundo trimestre. "Eles [os chineses] provavelmente terão que recorrer a outros mercados ainda que seja apenas para manter seus estoques antes da colheita da sua safra de açúcar, no final de 2010", avaliou Pitts, em um relatório divulgado ontem.

 

A demanda da China pode elevar ainda mais os preços internacionais do produto que, no ano passado, já atingiram o valor mais elevado em três décadas. Índia, Indonésia, Paquistão, Egito e Rússia também estão entre os países que pretendem comprar açúcar no mercado externo.

 

"Os fundamentos do açúcar estão muito bons, tanto em demanda e oferta, quanto no clima", disse Chai Ning, analista da Cofco Futures. "A redução da produção está prevista para ser maior do que o estimado anteriormente. A tendência de queda é difícil", completou.

 

De acordo com analistas, por enquanto, ao invés de aumentar as importações para atender á demanda doméstica, a China está mais interessada em divulgar suas reservas e tentar acalmar as especulações. "A produção interna de açúcar ainda é mais barata do que as importações", disse Zhu Zhiping, analista da China International Futures Co Ltd. Na maioria das áreas produtoras de cana-de-açúcar, o preço do açúcar hoje está mais de 20% mais barato do que o açúcar importado e a China é o terceiro maior produtor mundial.

 

O Brasil, que em 2009 foi o grande fornecedor de açúcar da Índia, deverá tentar agora saciar o apetite chinês. Na segunda quinzena de janeiro, a produção na região Centro-Sul, onde se concentram mais de 80% das usinas instaladas no País, foi ampliada para 43,9 mil toneladas, ante 40,8 mil produzidas no mesmo período do ano anterior. Segundo informações da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), 63 plantas se mantiveram operando para obterem vantagens dos preços recorde. Entre os dias 16 a 31 de janeiro, os produtores colheram 2,58 milhões de cana, 66% a mais do que um ano antes.

 

O aumento da demanda internacional de açúcar nesse período do ano já está esbarrando em problemas logísticos. No Porto de Recife, a mão de obra se mostra insuficiente para operar os navios que serão carregados com açúcar ensacado no local. O problema começa a gerar atrasos e prejuízos para algumas usinas.

 

Preços

 

Os preços do açúcar cristal seguem estáveis no mercado paulista. De acordo com pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a saca se mantém acima dos R$ 72 - patamar recorde, considerando a série deflacionada. De modo geral, as negociações seguem em ritmo lento. Usinas têm ofertado baixo volume do produto, o que tem mantido os preços do cristal e também de outros tipos firmes. Vendedores comentam que a disponibilidade de cristal deve se manter baixa mesmo quando iniciar a moagem da nova safra. Em janeiro, a média mensal do Indicador foi de R$ 70,83, alta de 20,6% em relação à de dezembro.

 

Ontem, o valor à vista em reais do indicador do açúcar Esalq fechou R$ 72,47 a saca (-0,01%). Em dólar, o preço ficou em US$ 39,20 a saca (-0,01%).

 

A falta de açúcar na China deve dar novo fôlego às cotações da commodity e abrir uma janela de oportunidade para os exportadores brasileiros. Relatório divulgado nesta semana pelo Guangxi Bulk Sugar Exchange Center previu que na China - o segundo maior consumidor mundial de açúcar depois da Índia - haverá uma queda na produção da ordem de 10,6 milhões de toneladas. A demanda de açúcar no gigante asiático pode exceder a produção em 3,3 milhões de toneladas e, apesar de ter 2,1 milhões de toneladas estocadas, o aumento do consumo deverá resultar em uma defasagem de mais de 2 milhões de toneladas este ano.

 


Veículo: DCI


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