Um novo modelo de negócios move algodão na Bahia

Leia em 3min 30s

Cenários: Prazo das vendas antecipadas da produção caiu e troca da safra por insumos está mais amarrada


A instabilidade cambial e a forte variação das cotações internacionais no mercado futuro levaram os produtores de algodão a mudar a estratégia de comercialização da pluma. Acostumados a negociar até cinco safras de forma antecipada, os cotonicultores passaram a encurtar o cronograma para um máximo de duas safras.


Na estratégia para driblar os riscos cambiais, os empresários do ramo também passaram a "casar" as negociações de venda do algodão à compra antecipada de insumos para a safra seguinte, sobretudo no caso dos agrotóxicos, cujo preço pode variar fortemente em poucos dias. Até então, o produtor fazia travamento de preços de venda em mercados futuros, mas só comprava parte dos insumos "na boca do plantio".


"Durante um bom tempo ficamos ´a descoberto´ por causa do câmbio instável e dos riscos de vender algodão barato e comprar os insumos lá na frente com o preço da commodity em baixa", diz o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Haroldo Cunha, produtor de 1 mil hectares em Turvelândia (GO). Agora, a ordem é "trocar" algodão por produto via pedidos firmes às indústrias de defensivos e fertilizantes.


O novo modelo de negociação já era adotado no caso da soja, mas ganhou impulso no algodão a partir da última safra. O motivo principal, conforme Haroldo Cunha, foi a chamada "crise das tradings", iniciada em março de 2008.


A inconstância dos mercados agrícolas internacionais, registrada antes mesmo da crise financeira global, forçou as tradings a gastar boa parte de seu fluxo de caixa em ajustes e coberturas de margens na Bolsa de Chicago, já que o custo das operações de "hedge" (proteção) ficou muito caro. A partir desse episódio, a estratégia de produtores e tradings mudaram para operações financeiras menos complexas. "Temos boas perspectivas para a nova safra de algodão. E o produtor tem que fechar contratos, travar preços e aproveitar o momento de cotações em alta", afirma o produtor Walter Horita, presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba).


Na região oeste da Bahia, responsável pela segunda maior área plantada de algodão do país, os produtores estão bastante otimistas com a nova safra. As chuvas regulares devem garantir uma alta produtividade das lavouras, estimada em uma média de 108 arrobas de pluma por hectare. Na safra anterior, choveu demais em um curto espaço de tempo, o que derrubou o rendimento para a média de 88 arrobas por hectare. "O que era para ser uma supersafra, virou uma quebra de 20%", lembra o paranaense João Carlos Jacobsen, que planta 4,8 mil hectares em Barreiras e Formoso do Rio Preto.


Os cerrados do oeste baiano reúnem 132 produtores de algodão. Juntos, eles devem reduzir a área cultivada, de 292 mil para 263 mil hectares, mas projetam colher 400 mil toneladas de pluma de alta qualidade. Na fazenda Vilaverde, a 30 quilômetros da próspera Luís Eduardo Magalhães, o produtor de origem portuguesa Paulo Jorge Mota esfrega as mãos: "Este ano choveu na hora certa e, mesmo com mais gastos com defensivos, teremos uma boa safra", diz o engenheiro têxtil que virou cotonicultor há seis anos. Em seus 4 mil hectares de algodão, boa parte dele transgênico, Mota espera colher até 400 arrobas por hectare, resultado considerado excepcional em qualquer lugar do mundo.


Nas ruas da cidade de 50 mil habitantes, nascida de um posto de gasolina à beira da BR-020, a profusão de caminhonetes de luxo e bitrens impressiona os visitantes. Hotéis lotados, comércios a todo vapor e uma ampla variedade de revendas de máquinas e carros de luxo refletem a incessante atividade de uma das mais ricas regiões do Brasil. Mas os problemas de distribuição da renda também são evidentes. "Temos diferenças regionais fortes. E precisamos investir para reduzir o analfabetismo e a evasão escolar", admite o prefeito Humberto Santa Cruz (PR), que liderou os produtores da região por 18 anos na Aiba.


Veículo: Valor Econômco


Veja também

Em terrenos do Carrefour, Gafisa e Rossi terão imóveis

Varejo: Torres de escritório e residências poderão ser construídas ao redor das lojas do grup...

Veja mais
Coelho que faz ola

Como patrocinadora da seleção brasileira, a rede Extra montou um calendário de promoçõ...

Veja mais
Receita com embarques de café sobe 7% em fevereiro

A exportação de café em fevereiro passado (18 dias úteis) alcançou 2,080 milhõ...

Veja mais
Calor acelerou vendas do comércio

As vendas no varejo paulista cresceram em fevereiro deste ano em relação ao ano passado, de acordo com dad...

Veja mais
Procura por ar-condicionado e ventilador disparou neste verão

De acordo com a direção da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrô...

Veja mais
Mallory tem alta de 40% nas vendas e atinge recorde nas regiões Sul e Sudeste

Segundo Paulo Braga, diretor superintendente da empresa, as vendas de ventiladores, que geralmente ocorrem para os lojis...

Veja mais
Mexicana Coppel chega ao Brasil e vai à casa do cliente

Varejista de móveis, eletroeletrônicos e vestuário, que fatura US$ 5,1 bilhões por ano, se ad...

Veja mais
Leite de pedra

Primeira unidade própria de industrialização de leite longa vida da Nestlé no Brasil, a rein...

Veja mais
Arroz tem novo padrão oficial

A produção brasileira de arroz destinada à alimentação passa a ter nova classifica&cc...

Veja mais