Carrefour quer brigar por telefonia e atacado

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Com as operações brasileiras em alta, puxando os resultados globais da varejista francesa Carrefour, a filial da empresa no Brasil pretende entrar no mercado de telefonia móvel se a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) regulamentar a implantação da Operadora virtual de telefonia móvel (MVNO), que possibilita entrada de empresas de outros segmentos -que não o de telecomunicações- para oferecer serviços de telefonia móvel ao consumidor final. Na França a rede já atua nessa modalidade, e, no Brasil, o concorrente Pão de Açúcar já sinalizou interesse. Além disso, o Carrefour começará a exportar o modelo de negócio da bandeira Atacadão, que vende no atacado e no varejo - "atacarejo"-, para operações na América Latina e, posteriormente, para a Europa, contou o presidente da rede no País, Jean-Marc Pueyo.

 

Pueyo falou dos planos da companhia ontem, no lançamento da chegada da companhia ao comércio eletrônico (e-commerce). Sobre a entrada na área de telecomunicações, o presidente do Carrefour Brasil preferiu não comentar o modelo de negócios. "Estamos para entrar, sim. Mas não posso dar detalhes porque a operação não está fechada."


O Grupo Pão de Açúcar, perguntado sobre a atuação na área de telefonia móvel, afirmou em comunicado que "mantém um posicionamento de inovação e serviços que possam agregar diferencial ao negócio e benefícios aos seus consumidores. Nesse sentido, a empresa tem interesse e acompanha a evolução da discussão a respeito das operadoras virtuais para avaliar, no momento certo e em condições adequadas, se irá iniciar algum projeto", disse a empresa.


Sobre a ampliação dos negócios no mercado externo, de acordo com o chefe dos executivos do grupo Carrefour no País, a primeira experiência da bandeira Atacadão em solo estrangeiro será em Bogotá, capital colombiana, nos próximos dias. E no segundo semestre de 2010 o Atacadão chegará à Argentina. "Em alguns dias, abriremos nossa primeira loja dessa bandeira fora do Brasil", disse ele.


Segundo Pueyo, a bandeira é um dos focos da rede e tem a expansão como prioridade no grupo, que pretende levar a marca também para as operações europeias da empresa. "Já temos pessoas que estão trabalhando para imaginar como transferir esse modelo para a Europa e para a França", conta. O executivo afirma que a ideia é manter o nome e o formato da empresa no projeto de expansão internacional do Atacadão. "A operação será igual à do Brasil: exatamente o mesmo, as cores, a implementação da loja", ressalta o presidente do Carrefour Brasil.


No Brasil, o Atacadão tem 59 lojas e a previsão do Carrefour é inaugurar outras 15 lojas da bandeira, principalmente em estados do norte e nordeste brasileiro, regiões onde a empresa pretende ampliar a participação, como antecipou o DCI.


Ano passado foram abertas 11 unidades deste modelo pela rede. "Vamos cuidar da ampliação desse novo formato de operação também em outros países, então precisamos aproveitar o crescimento do Brasil."


Expansão


Neste ano, a companhia pretende investir aproximadamente R$ 1,25 bilhão para a abertura de 70 novas lojas, o que deve impulsionar um crescimento de próximo a 16%. Ano passado, a rede teve crescimento de 14% e faturamento bruto de R$ 25,5 bilhões, considerado um dos melhores resultados do Carrefour no mundo. "Em 2011 vamos praticamente repetir os investimentos", disse Pueyo. No mesmo período, as concorrentes Walmart Brasil e Grupo Pão de Açúcar (GPA) prometem investir R$ 2,2 bilhões e R$ 5 bilhões, respectivamente.


De acordo com o presidente do grupo Carrefour no País, o foco da expansão serão as Regiões Norte e Nordeste, mas, questionado sobre a possibilidade de o Carrefour comprar ou associar-se a redes regionais, o executivo foi enfático: "Nossa prioridade é o crescimento orgânico. Não é foco da rede fazer aquisições, mas o Brasil tem um nível de concentração pequeno, e, se aparecerem oportunidades podemos fazê-lo, sim", afirmou. Segundo Jean-Marc, hoje a companhia está em 19 estados e a intenção é chegar a locais onde não atua.


E-commerce


A aposta do Carrefour para se consolidar nas vendas on-line será a prestação de serviços e uma maior interatividade, com o uso das mídias sociais e da web 2.0. Segundo Jean-Marc Pueyo foram investidos R$ 50 milhões para a implantação do projeto, que deve chacoalhar a concorrência. A rede foi a última grande do varejo a aderir à internet como importante canal de vendas. Os concorrentes Grupo Pão de Açúcar e Walmart Brasil atuam neste segmento, e brigam com a B2W.


A expectativa da rede é consolidar-se até 2011 como a 5ª maior companhia em vendas pela internet do Brasil, segundo o executivo. Perguntado sobre a entrada tardia do Carrefour nas vendas pela internet, o presidente da rede afirmou, referindo-se ao site de vendas do grupo: "Isso não estava entre nossas prioridades, mas agora está".


De acordo com Rodrigo Lacerda, diretor de Marketing da companhia, o site será importante para a integração dos canais de vendas e é uma das prioridades da empresa este ano. "Vamos entrar forte para competir neste mercado que, no Brasil, é acirrado". O site www.carrefour.com.br inicia as vendas com 15 mil itens à disposição dos clientes e até o fim do ano a expectativa da rede é oferecer mais de 80 mil produtos, entreos quais eletrônicos, eletrodomésticos, artigos de telefonia e outros. Este ano, porém, a rede descarta vender alimentos no site. "Vamos enfocar produtos que vendem mais pela internet", diz Jonas Ferreira, diretor de E-commerce da empresa no Brasil.


Veículo: DCI


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