Comércio deve elevar projeções para este ano

Leia em 5min 20s

Resultados excepcionais do varejo no quarto trimestre de 2009 -- confirmados ontem pela disparada no lucro do Pão de Açúcar -- e o começo de ano auspicioso, com alta da atividade do setor em fevereiro, indicam que as redes deverão rever para cima projeções de crescimento em 2010. Especialistas ouvidos pelo DCI creem que o cenário econômico positivo animará as redes, ampliando a disputa pelo consumidor final, que começou o ano menos endividado e com mais disposição para gastar. O setor bancário também deverá aumentar o ímpeto sobre a carteira de crédito das varejistas e o segmento terá de rever para cima o crescimento do ano, "o que é favorável para o comércio", explica Nelson Keirallah, vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).


Para Keirallah, a economia está equilibrada e as taxas de juros, menores, o que vai deixar o consumidor com uma margem maior para comprar no crédito. "Eles terão mais disposição para gastar com itens como eletroeletrônicos e bens não duráveis, como alimentos", diz. "Acho que este será um ano de ouro para o comércio", completa o vice-presidente da (ACSP).


Exemplo do apetite do consumidor para gastar são os resultados do Grupo Pão de Açúcar (GPA) que registrou faturamento bruto de R$ 26,2 bilhões em 2009, ante os R$ 20,9 bilhões do ano anterior. Impulsionado com o Natal, a rede viu no quarto trimestre seu lucro líquido bater R$ 193,9 milhões, chegando a um lucro total de R$ 591,6 milhões no ano. No acumulado do ano, a rede praticamente dobrou o faturamento em relação a 2008.


Excluindo do cálculo o Ponto Frio, rede adquirida em junho passado, o ganho estimado foi de R$ 161 milhões, o que representa um avanço de 47% sobre os ganhos divulgados no último trimestre do ano imediatamente anterior.


De acordo com Enéas Pestana, vice-presidente de Operações da empresa, os resultados superaram as expectativas da varejista para o período. "Batemos todas as nossas metas para o período."


Mês passado, o Carrefour, vice-líder no ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) divulgou ter crescido 14, 2%, considerando todo o período de 2009, e 13,4% no quarto trimestre. Para o professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), Ricardo Almeida, os resultados das grandes varejistas são reflexo de um cenário que deve se manter este ano, com aumento dos salários reais, taxa de desemprego em queda e redução da inflação, o que ajuda especialmente os supermercados.


Este ano, porém, pode começar a acorrer uma alta da inflação e da taxa e juros, mas ele acredita que isso não impactará o consumo, já que novas pessoas estão entrando no mercado de trabalho e o cenário de crédito deve continuar favorável tanto para os consumidores quanto para as empresas. "Os bancos não emprestaram tanto em 2009, o que pode aumentar este ano; também está entrando mais capital e investimento no País. Grandes varejistas, como o Pão de Açúcar e a Americanas, vão querer esse dinheiro que está vindo de fora. Já o Magazine Luiza, por exemplo, irá abrir o seu capital", diz. Para Almeida, esses fatores já estão sendo levados em conta pelas empresas, que devem ter metas ousadas este ano e ampliar investimento. Além disso, elas devem ampliar o seu market share abocanhando o mercado informal, com um aumento da fiscalização e diminuição da informalidade em estados como o de São Paulo.


Farmácias


Outra varejista que demonstra fôlego e poderá rever para cima seus planos depois de um resultado surpreendente é a Drogasil, no segmento de drogarias. A empresa apresentou lucro líquido no ano passado de R$ 74,59 milhões, o que representa um crescimento de 45,8% sobre os resultados de 2008. A rede registrou evolução em vendas nos últimos dois anos seguidos. De acordo com a companhia, "o mercado brasileiro foi superado em todos os segmentos de atuação da rede". Em 2009, a empresa elevou em 34,5% a venda de medicamentos e 33,7% no comparativo do quarto trimestre de 2009 ao mesmo período do ano anterior. Na venda de não-medicamentos, a companhia cresceu 30,9% no em um ano (2009) e 33,0% no comparativo com quarto trimestre do ano anterior. No ano passado, as vendas das farmácias tiveram alta de 24,4% e de 20,8% no comparativo com o último trimestre de 2008 -dados da Associação Brasileira de Farmácias (Abrafarma).


Segundo a Drogasil, o crescimento vem da inauguração de lojas, que proporcionou uma cobertura maior do território brasileiro pela varejista. Foram abertas 28 novas unidades no ano passado, o que ampliou a atuação da empresa para 78 municípios. "Atingimos um total de 283 operações em cinco estados brasileiros. O período ainda marcou nossa entrada no Espírito Santo", afirma o diretor de Relações com Investidores, Cláudio Roberto Ely.


A empresa também afirma ter investido mais na área de reforma de lojas, com 60 unidades envolvidas - o dobro do realizado em 2008. "Isso também contribuiu para o crescimento nas vendas nas chamadas mesmas-lojas."


Consumo


Outro termômetro do aquecimento do varejo este ano é a pesquisa da Kantar Worldpanel - nova denominação da LatinPanel - sobre os hábitos de compras de mais de 80 categorias das cestas de alimentos, bebidas, higiene pessoal e produtos de limpeza, em amostra que representa 45,9 milhões de domicílios em todo o País (90% do potencial de consumo domiciliar do mercado brasileiro). O estudo mostra que o consumidor de classes emergentes preferiu sofisticar o carrinho de compras.


Cristine Pereira, diretora comercial do instituto, diz que os consumidores das Regiões Norte e Nordeste têm preferência pela compra de bens não duráveis (alimentos) na hora de ir ao supermercado. "Eles preferem consumir mais e querem levar produtos de marcas melhores."


Os itens de higiene foram os campeões de consumo no ano passado, com 21% de alta nesse período. Os gastos com a compra de bebidas cresceram em 18% na mesma comparação. Na área de itens de limpeza doméstica, os gastos teriam avançado em 17%. Com a cesta de alimentos, o crescimento variou de 16% a 17%, na comparação entre o ano passado e 2008. O segmento de bebidas viu um incremento de 13% no período.


Os volumes em unidades comprados pelos domicílios também cresceram tiveram alta: 15%.


Veículo: DCI


Veja também

Riachuelo faz novo plano de mídia e projeta vendas 20% maiores neste ano

A rede Riachuelo, que está entre as três maiores lojas de departamento do Brasil, lança sua cole&cce...

Veja mais
Lojas do Extra e da rede Havan preparam Páscoa

A proximidade da comemoração da Páscoa agita as redes varejistas especializadas no ramo de chocolat...

Veja mais
Carrefour vende R$ 6 mi em seu 1º dia na internet

Com aproximadamente 1 milhão de acessos em seu novo portal de vendas, a rede de supermercados Carrefour alcan&cce...

Veja mais
Trigo vai "imitar" o arroz e terá novo padrão de qualidade

A definição do padrão oficial de classificação que já está em vigor par...

Veja mais
Otimismo nas vendas para o Dia das Mães

Comércio de eletroeletrônicos, ultilidades do lar e roupas apostam em resultado positivo para a data.A recu...

Veja mais
Pão de Açúcar lucra

Com Ponto Frio, grupo registra resultado líquido consolidado de R$ 591,6 milhões e Ebitda de R$ 1,5 bilh&a...

Veja mais
Nestlé inaugura unidade em Carazinho

Ao inaugurar oficialmente hoje uma unidade industrial em Carazinho, a Nestlé aumenta sua presença no merca...

Veja mais
Supermercados cobram mais que os preços dos encartes

Consumidor deve pagar somente o valor anunciado nas promoções   Dani Costadani.costa@diariosp.com.b...

Veja mais
Carrefour quer brigar por telefonia e atacado

Com as operações brasileiras em alta, puxando os resultados globais da varejista francesa Carrefour, a fil...

Veja mais