Redes médias de varejo avançam sobre as pequenas

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As redes regionais possuem 3.471 lojas espalhadas pelo Brasil com presença em todas as regiões, e algumas têm forte poder local. Nas contas do mercado, somadas, elas detêm 48% do volume de vendas da indústria de eletroeletrônicos. Mas isoladamente essas redes médias têm pouca competitividade frente às gigantes. Para ganhar musculatura num mercado competitivo, redes pequenas e médias se organizam para ao menos manter a fatia de setor. Isso reforça a tendência mundial de consolidação de mercado, diz o prof. Cláudio Felisoni de Ângelo, coordenador do Programa de Administração de Varejo (Provar).

 

"O mercado de consumo tem crescido muito rapidamente no que diz respeito a bens duráveis e semiduráveis, devido ao maior poder de compra do consumidor. Como as margens estão cada vez mais estreitas, dada a competição no setor, as redes, para aumentar o giro, buscam maior participação de mercado. Um dos possíveis caminhos para que isso aconteça são as fusões, o que permite uma presença maior da rede no mercado, minimizando os custos" explica Felisoni.

 

A rede pernambucana Eletroshopping, que comprou 31 das 35 lojas da concorrente Hermol, em março deste ano, e tem agora 140 lojas espalhadas por seis estados do nordeste brasileiro, acredita que a compra dos pontos, além de fortalecer a empresa, dificulta os planos de entrada no mercado pernambucano de grandes redes nacionais, como Ricardo Eletro e Casas Bahia. A Hermol, rede também pernambucana, é a segunda aquisição da Eletroshopping, que em 2008 comprou 28 unidades da Grande Lar. Com faturamento, em 2009, de R$ 800 milhões, a rede espera este ano crescer 30%, para o que segue a meta de abrir mais 50 lojas nos próximos dois anos e de investir também em outros estados. Hoje a rede só perde para a Insinuante, que possui 250 lojas na região.

 

Já Ubirajara Pasquotto, diretor da rede Cybelar, acredita que no mercado existe espaço para todos e crê na força das empresas regionais. Com 74 lojas no interior do Estado de São Paulo, a rede espera crescer mais 20% este ano. Para isso, conta com a abertura de 11 lojas, todas no interior paulista, e sem interesse em expansão para a capital ou em planos para atingir outros estados. Pasquotto diz não ter interesse em vender sua rede ou entrar em processo de fusão. "Recebemos muitas propostas de compra, e nossa interpretação disso é de que estamos fazendo um bom trabalho" diz Pasquotto, que se mostra interessado em comprar redes menores.

 

Com 124 lojas, das quais 116 ficam em Santa Catarina e 8, no Rio Grande do Sul, a rede Berlanda aposta na regionalidade da empresa para continuar a crescer. Neste ano a meta desta rede familiar é abrir mais 16 lojas e chegar a um faturamento de R$ 300 milhões, ante os R$ 240 milhões de 2009.

 

Nilson Berlanda, fundador e presidente da empresa, diz não ter interesse, no momento, em expandir a rede a outros estados. "Nosso foco agora é o sul de Santa Catarina. Se existisse a possibilidade de compra de uma rede em potencial com até 20 lojas na região, eu lhe faria uma proposta" conta Berlanda.

 

Para alavancar as vendas e competir no mercado de eletrodomésticos e móveis, Berlanda aposta no crescimento com abertura de lojas e descarta a possibilidade de venda da rede, mas diz já ter recebido muitas propostas.

 

Exemplo dessa tendência é a Máquina de Vendas, companhia resultante da união da rede Insinuante e da Ricardo Eletro. A megavarejista já nasceu com faturamento aproximado de R$ 5 bilhões, oriundos das 528 lojas presentes em 200 cidades brasileiras. Nos próximos quatro anos, a meta do grupo é dobrar de tamanho, passando de 528 para 1.000 lojas, e atingir faturamento de R$ 10 bilhões com suas bandeiras, nas mesmas localidades. A Insinuante atua no nordeste e no norte do Brasil, enquanto a Ricardo Eletro está concentrada no centro-oeste e no sudeste. "Ficamos mais agressivos com a fusão. A holding deve inaugurar 50 novas lojas este ano, marcando presença inclusive em regiões onde ainda não estamos presentes" afirma Ricardo Nunes, presidente da Ricardo Eletro.

 

Fusão

 

A fusão de Casas Bahia e Grupo Pão de Açúcar, que seguem em negociação para chegar a um acordo, vai criar uma empresa com faturamento de quase R$ 40 bilhões. O negócio é um dos maiores do ano no País e aponta mudanças no setor varejista.

 

A integração valerá para Casas Bahia, Ponto Frio e Extra Eletro, e prioriza o segmento de eletrônicos e bens duráveis, nas lojas e no comércio eletrônico.

 

Em junho de 2009, o Grupo Pão de Açúcar anunciou a compra da Globex Utilidades, dona da rede Ponto Frio, que era, até então, a segunda maior do segmento de eletroeletrônicos do País, atrás apenas da Casas Bahia.

 

Veículo: DCI


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