Exportação de arroz cria racha entre produtores e indústrias

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Para proteger o mercado interno, parte do setor de arroz defende a elevação da Tarifa Externa Comum (TEC) de 12% para 30% incidente sobre a importação do produto de fora do Mercosul.

 

Segundo Maurício Fisher, presidente do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), o aumento da tarifa protege o agricultor e incentiva a produção do cereal nacional. "O Mercosul tem arroz para abastecer o mercado. Contamos com a ameaça de vir o produto do Vietnã", afirma.

 

A indústria, que está de olho na abertura de novos mercados externos é contra o aumento. De acordo com Élio Jorge Coradini, presidente do Sindicato da Indústria do Arroz (SindArroz), enquanto uma comitiva do Mercosul composta por entidades arrozeiras da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai aprovaram a elevação da tarifa em Rivera, no Uruguai na semana passada, outra comissão esteve em Madri com o objetivo de abrir mercado ou conquistar tarifa zero de exportação para a Europa.

 

Para Coradini, 140 mil toneladas excedentes de arroz no Mercosul poderiam ser embarcadas para a Europa. "Após a criação do Mercosul não saiu nenhum acordo comercial. Existem mercados promissores, como a Nigéria."

 

Segundo Coradini, a Europa costuma conceder a países exportadores aumento de cota e tarifa zero. "Como faz para Tailândia. É preciso viabilizar exportação. Precisamos de preços mais baixos. Mecanismos já existem só falta implementá-los", observa.

 

Enquanto Fisher conta com o apoio do governo federal para aprovação do aumento da tarifa no Brasil, Élcio Bento, analista da Safras e Mercado considera difícil uma decisão favorável neste sentido por questões políticas. Bento disse que está para chegar ao Brasil arroz dos Estados Unidos.

 

Desde a safra 2002/2003, o País não importava o grão norte-americano. "De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos [USDA], está para desembarcar no Brasil 14 mil toneladas", afirma.

 

Segundo o analista, a compra do arroz norte-americano foi uma decisão pontual feita com cooperativas, onde os preços foram praticados abaixo da realidade dos Estados Unidos. "O grão vem para desafogar o mercado dos Estados Unidos", diz.

 

Ainda de acordo com Bento, até a última publicação do USDA, não havia nenhuma menção de chegada de arroz do Vietnã.

 

Para o analista, nesta temporada, o excedente exportável no Mercosul está próximo ao déficit de produção em relação ao consumo. O que fará com que as cotações nos países do Cone Sul operem em alta em relação ao mesmo período do ano passado. "Nos Estados Unidos e nos exportadores da Ásia, os preços apresentam recuos expressivos."

 

Dados da Safras mostram que, nos grãos em casca, o arroz uruguaio e argentino é cotado a US$ 300 a tonelada, com alta de 24,2% em relação aos US$ 267 de 2009.

 

Nos parceiros brasileiros do Mercosul, o arroz beneficiado 10% está cotado a US$ 510 a tonelada, ou 23% a mais do que os preços praticados no ano passado, quando era US$ 420. "No beneficiado até o cereal norte-americano apresenta recuperação expressiva, de 27% em relação ao mesmo período de 2009. Na Ásia, o produto tailandês apresenta um recuo de 20%, de US$ 575 a tonelada para US$ 460."

 

No mercado brasileiro, segundo números da Safras, o arroz entrou na última semana do mês de maio com preços enfraquecidos.

 

No Rio Grande do Sul, a saca de 50 quilos em casca vale R$ 27,86, retração de 1,6% se comparado ao início da semana anterior. "Ante o mesmo período de 2009, os preços atuais são 7,4% superiores. Esta recuperação deve-se ao quadro mais apertado no abastecimento, com quebra da safra brasileira e uruguaia."

 

Segundo Fisher, no Rio Grande do Sul a quebra de safra, determinada pelo fenômeno El Niño varia de 13 a 14%. Em 2009, o estado colheu 8,4 milhões de toneladas.

 

Para o presidente do Irga, se o dólar aumentar com a crise européia poderá ocorrer desoneração do custo de produção no País e o arroz poderá ganhar competitividade no mercado externo.

 

Apesar de estimular oferta por política de preço e a produção, o aumento da TEC, de acordo com o analista, beneficiaria diretamente o Paraguai, Uruguai e Argentina. "Eles seriam 'donos' no abastecimento", diz Bento.

 

Veículo: DCI


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