Para a Pro Teste, isso afeta o hábito alimentar de crianças. Teor de sódio também é questionado
Estudo da Pro Teste - Associação Brasileira de Defesa do Consumidor afirma que o teor de açúcar nos principais cereais matinais comercializados no Brasil “está muito acima do ideal” para o consumo de crianças. A pesquisa divulgada ontem pelo instituto analisou as 18 marcas mais vendidas no País, produzidas pelas empresas Kellogg’s, Nestlé e Nutrifoods.
Os cereais apresentaram de 7,5 a 13 gramas de açúcar por 30 gramas do cereal. A Pro Teste alega que alimentos doces demais podem estragar os hábitos alimentares das crianças, “porque as comidas saudáveis e pouco adocicadas deixam de agradar”. Também aponta que o consumo exagerado pode aumentar o risco de diabete e obesidade.
Em um comunicado à imprensa, a Nestlé afirma que seus cereais matinais, em uma porção de 30g, “fornecem em média uma quantidade de açúcar que representa no máximo 3% da energia necessária para uma dieta diária”.
A nutricionista Susy Marcos Coutsoucos, responsável pelo site Nutrikids, opina que os cereais matinas não oferecem risco às crianças maiores de 6 anos, mas devem ser consumidos apenas duas ou três vezes por semana no café da manhã. “Esse critério vale para qualquer alimento: deve fazer parte de uma dieta variada”, diz Susy.
O trabalho da Pro Teste também questiona a quantidade de sódio presente na maioria das marcas. A bióloga Fernanda Ribeiro, responsável pelas análises, afirma que 15 cereais matinais apresentaram teor excessivo da substância: uma porção de 30 gramas desses produtos seria capaz de suprir 50% da necessidade diária de sódio de uma criança de 4 a 6 anos. A Nestlé diz que a quantidade de sódio nos seus produtos não apresenta risco para o seu público-alvo, formado por crianças acima de 6 anos.
Para a Pro Teste também seria necessário que os produtos apresentassem mais de 6 gramas de fibras para cada 100 gramas. “As pessoas compram cereais matinais imaginando que são alimentos ricos em fibras”, alega Fernanda. Em nota à imprensa, a Kellogg’s diz que alguns dos seus produtos apresentam “alto teor de fibra alimentar” e todos estão de acordo com as “regulamentações atuais e aplicáveis”.
Fernanda concorda que os cereais cumprem as exigências da legislação brasileira. Mas diz que a Pro Test pretende, com o estudo, fomentar regras mais restritivas para a composição dos produtos. A associação publicou no seu site (www.proteste.org.br) um abaixo-assinado, em busca de apoiadores.
Veículo: Jornal da Tarde