Vendas de última hora disparam no varejo

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As vendas consideradas de "última hora" entre os períodos de Dia dos Namorados e da abertura da Copa do Mundo surpreenderam o varejo, que chegou a ver zerados alguns estoques de produtos, como camisetas da Seleção Brasileira. O varejo viu disparar as vendas na semana entre seis e 12 de junho, que cresceram 10,9% em 2010, comparadas com o mesmo período do ano passado. É o que revela o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio. Entre dez e 13 de junho, houve um aquecimento maior ainda, chegando a um aumento de 20% das vendas, segundo Andreia Perini, gerente de Marketing do Shopping Boulevard Tatuapé, na capital paulista. Ela explica que os consumidores uniram Dia dos Namorados com Copa do Mundo e, com isso, houve fortalecimento das vendas, resultando no crescimento significativo principalmente em vendas de produtos eletrônicos, como celulares e aparelhos de televisão, além de vestuário e calçados esportivos.

 

A Livraria Saraiva também teve incremento de vendas de última hora do Dia dos Namorados, pois, além de livros, criou como estratégia de marketing o "fotolivro", um produto exclusivo para a data romântica. A expectativa de aumento de 15% nas vendas foi alcançada, em relação ao mesmo período do ano passado. O fluxo de público nas lojas também teve um crescimento de 20% no fim de semana.

 

Incentivo da Copa

 

Por conta da procura intensa por camisas da Seleção Brasileira de Futebol, lojas de esportes das principais cidades do País viram seus estoques zerados entre segunda e terça-feira, antes do primeiro jogo do Brasil na Copa do Mundo da África do Sul. É o caso d' A Esportiva, que já começou a negociar novas remessas do produto para alimentar a demanda dos torcedores brasileiros que devem voltar a lotar as 11 unidades da rede no interior paulista, antes dos próximos jogos da Seleção, disse ao DCI o gerente de Marketing da rede, Rafael Cruz Gallego. "Vemos que até alguns fornecedores têm dificuldades de entregar novas remessas, mas estamos negociando para recompor os estoques para o próximo jogo."

 

Ele comentou também que a venda de camisas de seleções como as de Portugal e Itália também apresentaram volume de vendas acima do esperado, desde o início da Copa. Sobre o esquema de atendimento nos dias de jogos, ele disse que, "como a maior parte das nossas lojas estão em shopping centers, vamos seguir o esquema do estabelecimento".

 

Pesquisa

 

Um termômetro de como tem se comportado o setor varejista foi apresentado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apurou as vendas com crescimento de 9,1% em abril, comparando-o com o mesmo período de 2009, o que leva o acumulado de 2010 a uma expansão de 11,8% sobre os primeiros quatro meses de 2009.

 

Por outro lado, houve queda de 3% das vendas do setor de varejo no mês de abril em relação ao mês anterior, registrada na pesquisa, ou seja, foi a maior redução de um mês para outro desde o início da série histórica da pesquisa mensal de comércio, em 2000.

 

"O crescimento de quase dois dígitos das vendas reflete a melhoria das condições macroeconômicas do País, maior volume de crédito, juros mais baixos, aumento da renda da população e confiança do consumidor em alta", explica Luiz Goes, sócio sênior e diretor da GS&MD Gouvêa de Souza, consultoria especializada em varejo e distribuição.

 

Ele informou que o resultado do varejo brasileiro ficou mais uma vez acima do desempenho das principais economias do mundo.

 

Nos Estados Unidos, as vendas do varejo cresceram 8,6% na comparação com abril de 2009, enquanto nos países da zona do euro houve queda de 1,5% em relação ao ano passado. Esse cenário, na opinião do especialista da GS&MD, decorre de uma clara melhora do cenário macroeconômico nacional.

 

"Setores como veículos, tecidos, vestuário, móveis, eletroeletrônicos e material de construção apresentaram um desempenho muito fraco no início de 2009, por conta da crise financeira global. Isso vem favorecendo o crescimento muito acelerado desses segmentos, mesmo com o fim da isenção de IPI", comenta o consultor.

 

Um fator positivo da pesquisa do IBGE é que o varejo deverá ser estimulado, nos próximos meses, pelos mesmos fatores que estão garantindo o aumento das vendas ante iguais períodos de ano anterior, com o aumento da renda do trabalho e oferta de crédito. Com respeito às vendas de última hora, ele explicou que o varejo deve se acostumar e programar suas estratégias de vendas baseado nesse período mesmo, pois os consumidores brasileiros têm uma cultura de consumo intrínseca segundo a qual quanto mais próximo se está da data da compra, mais baixos estarão os preços, e consequentemente melhores serão as oportunidades de compra.

 

Recuperável

 

O resultado de baixa, porém, não era esperado pelos analistas consultados pela AE Projeções, que projetavam queda de no mínimo 0,8% e máximo de 2,50%.

 

O técnico da coordenação de comércio e serviços do IBGE, Reinaldo Pereira, disse que "os dados da série com ajuste sazonal são muito nervosos, por isso é importante olhar o resultado da média móvel trimestral, que registrou aumento em abril".

 

A queda recorde representa um movimento de "acomodação" que se segue a três meses de expansão, disse Pereira, e "não significa uma inflexão" na trajetória de crescimento do setor.

 


Veículo: DCI


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